A Transformação da Intimidade – Sexualidade, Amor e Erotismo nas Sociedades Modernas

O autor começa sua obra fazendo alusão a uma novela, onde um sujeito está com quarenta anos de idade, ficou 15 anos casado e conhece uma pessoa mais jovem com quem se envolve e acaba tendo crises de ciúme, onde envolve um outro amigo seu, é onde o autor esclarece a reflexividade como conhecedora dos limites pessoais a fim de preservar a individualidade. Disserta sobre a idéia dos desvios e vícios como patologias no mundo reflexivo, o que chama de Co-Dependência.

Giddens, em toda a sua obra, enfatiza sobre a revolução sexual ocorrida na modernidade, e traça quanto os rumos, onde mostra o papel da mulher em tal revolução, colocando-a em ponto estratégico e fundamental para tal fato.

O autor está sempre analisando toda a evolução da intimidade na vida moderna, onde muitas vezes o objeto de estudo é o corpo, o qual define assim: “um portador visível da auto identidade, estando cada vez mais integrado nas decisões individuais do estilo de vida” (Giddens, 1993, p. 42)

Considerando ainda o amor romântico, surge assim a idéia que isso seria uma invenção dos homens, para influenciar as mulheres com utopias. Levando em conta os romances e novelas que invadiu o século XIX, pode-se considerar que a idéia de amor romântico é relacionada a um conjunto de influencias, as quais atinge as mulheres a partir do século XVIII. Considerava-se ainda o amor romântico com algo feminilizado, o que era associado a subordinação da mulher ao lar e o isolamento do mundo exterior.

O amor romântico dava características de que o casamento era para sempre, uma vez encontrando seu “príncipe”, e a sexualidade era algo futuro antecipado e sexo era visto como desvio de um relacionamento definitivo. “... a busca do romance não é para essas garotas um conjunto passivo de aspirações – algum dia o meu príncipe virá”. (idem p. 62). E esse amor romântico era algo que combinava amor e liberdade.

Ainda que em toda sua obra o autor refere-se sempre as mulheres, n que diz respeito ao amor romântico, os homens também estiveram presentes nessas mesmas condições e situações, os quais foram influenciados por todos esses ideais, os quais ficaram conhecidos como “sonhadores adamados que sucumbiram ao poder feminino” (idem, p.70). Como parte de acesso as mulheres, o que fez com que boa parte dos homens se sujeitasse a essa forma de sentimento, afim de usufruir dos benefícios da sedução.

Partindo da idéia de que as mulheres são de Vênus e os homens de marte, ou seja, “mulheres querem amor, os homens querem sexo” (idem, p.79), percebemos que a vida conjugal não se resume só nisso, há interesse em ambos os casos em mudar essa suposta tradição, quanto a amor, sexo e desejo.

Quando Giddens esclarece que a necessidade de atividade sexual constante, dentro dos “padrões normais” seja causada por impulsos que todos possuem, conclui-se por esta linha de raciocínio que todo mundo é viciado em sexo. Mas quando há tal necessidade de sexo, essa não controla uma forma, nem modelo de como consegui-la. Essa compulsão por sexo, quando é com homem, não há tanto alarde, pois assim sendo, o homem é admirado e até premiado por tal proeza, diferente da ninfomaníaca. Grande parte das relações amorosas, com estes ditos garanhões, são quase sempre compostos por mulheres frustradas que vêem esse love story como válvula de escape e quase sempre dependentes, e principalmente de serem amadas e cortejadas, onde o autor descreve como fazer o “papel feminino”.

Giddens referindo a questão de pais e filhos percebem que nas sociedades tradicionais as relações entre ambos eram marcadas na autoridade totais dos pais e mais velhas, diferentes de hoje, onde tudo e feito através das conversas e da confiança entre ambos, consubstanciadas na reflexidade. E quando há elementos plásticos, ou seja, quando se permite uma forte participação do homem, e este não pode controlar, tal elemento.

Para isso, o autor preocupa-se em enfatizar que: “declarar independência emocional dos pais é um meio de ao mesmo tempo começar a modificar a narrativa do eu e fazer uma defesa dos próprios direitos”.(idem, p.122).

O autor cita Freud, com a tese de que os filhos do sexo masculino têm vantagem no relacionamento com a mãe por possuir pênis, considerando a “teoria do complexo de Édipo”, o menino por possuir seu órgão sexual visível, cria um certo conflito com o pai, por ciúme da mãe, mas tudo de forma inconsciente, os meninos e meninas vêem a mãe como o supra-sumo.

Existe uma persistência significativa no que diz respeito a ansiedade relacionada a falta de conhecimento no sexo. A preocupação em dar prazer ao parceiro em muitas vezes é maior até mesmo na vontade de ter prazer, ou seja, melhor que ter prazer e dar prazer. “A cumplicidade feminina está retratada na maneira estilizada com que as mulheres são usualmente representadas”. (idem, p. 134).

Quando Giddens cita Freud, no que diz respeito as mulheres, as quais investem em seus corpos de forma narcisista, é por conta de se sentirem “castradas”, e ainda voltando ao melhor é dar prazer, as mulheres estão mais orientadas para serem amadas e do que amar. (idem, p. 144).

Os homens possuem uma maior problemática com a intimidade, maior ainda que as mulheres, as quais tem um maior desembaraço na arte de explicitar seus sentimentos, suas dúvidas e se abrirem de uma forma mais contumaz e direta. Esta intimidade refere-se mais a comunicação emocional com os outros, do que, com si mesmo. Considerando que o narcisismo típico das mulheres relatadas pelo autor, é mais que um convite ao poder.

Em referência ao passado, não muito distante, o autor refere-se aos encontros sexuais, como relacionamentos sem nenhum significado para ambos os sexos, fossem eles heteros, ou homossexuais, para os homens esses relacionamentos eram apenas para ampliar seu currículo, e as mulheres independentemente do grau de intimidade obtido em tais relacionamentos, casavam com suas “virtudes” intacta (idem, p. 151).

Quanto à satisfação sexual, mulheres lésbicas acreditam ter maior prazer sexual em relações homossexuais, acham que é por conta de não se sentirem pressionadas, pois percebem nessas relações uma maior cumplicidade, maior companheirismo, o toque e até mesmo o poder das mulheres.

O autor considera que a independência sexual, é o caminho para democratização da vida pessoal, que é estendida a todo convívio social das pessoas.

Bibliografia

A Transformação da Intimidade – Sexualidade, Amor e Erotismo nas Sociedades Modernas – Anthony Giddens

Rócio Stefson Neiva Barreto
Enviado por Rócio Stefson Neiva Barreto em 27/03/2008
Código do texto: T919236
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