Intertextualidade e Polifonia

Curso: Pós-graduação “Latu sensu” em língua portuguesa e literatura.

Disciplina:

Aluno: Antonio Jota.

Resenha do capítulo “A construção dos sentidos no texto: intertextualidade e polifonia e a construção do sentido no texto falado – a natureza da fala”, de Ingedore Villaça Koch, na obra O Texto e a Construção dos Sentidos, Editora Contexto (1997), p. 59 – 81.

Resenha

A Construção dos Sentidos no Texto: Intertextualidade e Polifonia.

É preponderante a preocupação da literatura lingüística contemporânea em classificar as abrangentes variações atribuídas à intertextualidade e polifonia. Há estudiosos que procuram identificar caminho em que seja possível juntar todos os conceitos e estudá-los como um só. Como distinguir tais fenômenos e quais características os diferenciam? Iniciemos por intertextualidade.

•Intertextualidade.

Partindo de teorias de grandes nomes como Barthes, é possível pensar que nenhum texto vem do nada; nenhum texto é produzido (no sentido de criador primeiro) pelo emissor. Este apenas faz uso de um texto já existente, acrescenta seu desejo para que se realize a comunicação. Ocorre objetivamente uma junção de fragmentos textuais, gerando o fenômeno da intertextualidade que, por sua vez, se adéqua perfeitamente a vontade do falante. Em relação à produção e à recepção (tanto do emissor quanto do receptor) é fator importante o conhecimento dos textos relacionados para que haja, enfim, o entendimento. Tal concomitância ocorre em maior ou menor grau, conforme abaixo.

•Intertextualidade em sentido amplo.

Se ‘todo texto é um intertexto’, todo intertexto é um texto. Parece-me complexo (para não dizer fútil) diferençar um do outro já que está subentendido um resultante similar. Diferente de se classificar duas colchas: uma colcha e uma colcha de retalho. Milhares de diferenças seriam apontados num átimo. Fechemos os olhos a tudo e nos atemos meramente a colcha e colcha de retalhos. Quantos retalhos, a que tecido pertence cada um, que tamanho devem ter, em que ponto um retalho por ser divido em quatro menores que formem um, que cores se harmonizam mais, etc.

Levando tal lógica e questionamento à lingüística, usaria as palavras de Kristeva:

“Qualquer texto se constrói como um mosaico de citações e é a absorção e transformação de um outro texto”.

•Intertextualidade em sentido restrito.

Como estudar a relação de um texto com outros textos produzidos, amplamente conhecido por todos? Tal intertextualidade pode ser analisada de forma explicita ou implícita, conforme a intenção do autor em omitir ou declarar créditos. Pode-se recorrer à intertextualidade de semelhanças para ‘seguir-lhe a orientação argumentativa’ ou mesmo para descaracterizá-lo. As manifestações de intertextualidades podem ocorrer de diversas maneiras, tornando-as de suma importância no estudo da coerência textual (koch e Travaglia).

*Polifonia

Para caracterizar o romance de Dostoievski, Bahktin trouxe o termo à linguagem. Explana a relação entre falante e ouvinte e o expressar do um em relação ao outro; e que ‘eu’ dou-me forma enquanto parte integrante do grupo a que pertenço. “O eu se constrói constituindo o Eu do Outro e por ele é constituído”.

Pode-se citar, a título de exemplo, alguns casos de polifonia, um texto falando através de outro, de conhecimento geral: o Hino Nacional e canção do Expedicionário que parafraseiam trechos da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

A Construção do Sentido no Texto Falado.

*A Natureza da Fala.

Apesar da imensa diferença entre faça e escrita, não se poder falar em dois pólos opostos, segundo Marcuschi. Trata-se apenas de duas modalidades de uso da língua pertencentes ao mesmo sistema lingüístico, porém, com características próprias. Halliday argumenta sobre a densidade lexical do texto escrito em contraponto à complexidade sintática do texto falado.

Convém citar textos escritos bem à fala (bilhete) e textos falados que mais se aproximam ao pólo da escrita (entrevista); existindo outros chamados mistos ou intermediários.

A título de exemplificação, citam-se algumas características dicótomas, importantes, que bem diferenciam fala e escrito:

Fala...................................................Escrita.

Contextualizada. Descontextualizada.

Implícita. Explicita.

Redundante. Condensada.

Não-planejada. Planejada.

Predominância da Predominância do

Pragmática. Sintático.

Fragmentada. Não-fragmentada.

Incompleta. Completa.

Pouco elaborada. Elaborada.

Pouca densidade. Densidade.

Informacional. Informacional.

Frases simples, curtas, Frases complexas com subordinação

coordenadas. abundante.

Pequena freqüência passivas. Emprego freqüente de passivas.

Poucas nominalizações. Abundância de nominalizações.

Menor densidade lexical. Maior densidade lexical.

Não obstante a lista acima, nem todas as características são exclusivas da fala ou da escrita. Importante dizer que o texto falado não é desordenado, caótico... Mas tem suas leis próprias e através destas é que deve ser analisado. À gramática, o rigor do texto escrito que a projetou.

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Por mera falta de controle, falta de esmero, chamei o acima de resenha. Sentei-me à mesa às 8h e lá pelas 10h (duas horas depois) estava pronta. Imprimi e entreguei ao professor. É obvio que está incompleta, é evidente que está ‘matada’. Mas, de que maneira poderia ter sido diferente? Após a aula, conclui que não fui tão irresponsável quanto me parecia antes.

Intertextualidade e Polifonia são as duas palavras que não se conseguem definir. Os dicionários lhes dão significados medíocres e quando se entra na lingüística, o bicho pega. Pelo menos no Latu Sensu, para nós alunos, permaneceram incógnitas; gerou acalorada discussão e se apelou para Sócrates, Platão, etc. A ‘bruxa’ da lingüística brasileira deu uma de tucano e permaneceu em cima do muro.

Sem norte, os meros mortais engalfinhavam-se e um basta foi imposto por uma aluna furiosa, cujos neurônios entravam em curto-circuito.

Confesso que fiquei decepcionado ante a constatação de que não sou o criador dos meus contos, nem dos meus romances, nem dos meus pensares... Apenas usei os símbolos lingüísticos e os organizei à minha maneira. Pois, a comunicação humana é real, o resto é ilusório... O código humano é eterno: não teve inicio, nem terá fim... O homem é finito, efêmero e apenas faz uso do código para expressar aquilo que imagina ser seu interior. Nada se cria, tudo se modifica e torna-se outra coisa. Somos apenas manipuladores do eixo paradigmático na formação e organização do eixo sintagmático. Apenas isto! Não criamos nada, não inventamos: nem eu, nem você, nem Rui Barbosa, nem José de Alencar. Somos apenas agentes do código lingüístico que é soberano.

Que coisa maluca... Qual é minha nota?

http://tieteiro.blogspot.com