Mansur, Letícia Lessa e Senaha, Mirna Lie Hosogi. Distúrbios de Linguagem Oral e Escrita e Hemisfério Esquerdo.

Mansur, Letícia Lessa e Senaha, Mirna Lie Hosogi. Distúrbios de Linguagem Oral e Escrita e Hemisfério Esquerdo. In._Nitrini R. (org). Neuropsicologia das Bases Anatômicas à Reabilitação. São Paulo: FMUSP, 1996. 195 – 198. p.

Este texto encontra-se dividido em sete itens em que inicialmente as autoras mencionam que no tratamento da informação é considerado um sistema de análise visual que responderá pelo processamento vísuo-perceptivo do estímulo em si, seguido então, pelo processamento lingüístico da leitura. Ressaltam que esse processamento se dá mediante duas vias, ou seja, lexical e não-lexical. É afirmado que na via lexical é possível a leitura significativa das palavras irregulares e que na via não-lexical ocorre à conversão da ortografia à fonologia, possibilitando a leitura de palavras regulares e não reais. Exemplificando: ICSSUS, EXMS, AJKT, etc. As autoras salientam que os estudos visando à construção e interpretações de arquiteturas dos processos lingüísticos baseiam-se nas habilidades de leitura e escrita de vocábulos isolados, embora reconheçam a importância do estudo do processamento de sentenças e textos. Esses estudos constatam que nas dislexias ocorrem alterações de processamento nos chamados âmbitos centrais e periféricos.

No segundo e terceiro item do texto as autoras trazem a caracterização das dislexias e os tipos correspondentes. As dislexias centrais decorrem de um comprometimento lingüístico dos estímulos, sendo: de superfície, com conversões exacerbadas da via não-lexical e apresentando paralexia fonêmica. Ex: exitosas = ezitosas; na fonológica, ocorre a impossibilidade de leitura de não- palavras, em oposição à habilidade de leitura de palavras reais, denotando danos na via de conversão grafema-fonema. Na dislexia profunda, há bloqueios na via não-lexical com paralexia semântica e maior facilidade para a leitura de vocábulos concretos e freqüentes. Nas dislexias periféricas ocorre comprometimento no sistema de análise vísuo-perspectivo para a leitura, apresentando três tipos: atencional, onde ocorrem dificuldades na leitura de palavras simultâneas; negligencial, em que se apresenta dificuldade de leitura no campo visual do lado contralateral a lesão cerebral; na literal ou dislexia pura, apenas há a capacidade de leitura letra por letra.

No quarto e quinto item do texto as autoras discorrem sobre as disgrafias que devem ser analisadas através de múltiplos instrumentos, como: a cópia, o ditado, a escrita espontânea. Enfatizam que a preservação da cópia comparada com outras modalidades de produção escrita tende a refletir a manutenção da realização gráfica e que dificuldades na cópia sugerem problemas de análise visual ou desconexão vísuo-verbal. Ainda sinalizam para três possibilidades de cópia, ou seja, servil, grafêmica, lexical. Na perspectiva da neuropsicologia cognitiva as disgrafias são divididas em centrais, com alterações nos processamentos lingüísticos (fonológica, lexical, semântica, profunda e distúrbio da “alça grafêmica”) e periféricas, que representam aspectos motores da escrita (apráxicas e espaciais). É importante ressaltar que as tipologias relacionadas às dislexias e disgrafias, em sua maioria, compreende às lesões cerebrais do hemisfério esquerdo.

As autoras concluem o raciocínio observando que a apresentação de distúrbios de linguagem oral e escrita oriunda desse tipo de lesão servem como ponto de partida para outras discussões, já que a classificação taxionômica proposta pela afasiologia tem sofrido inúmeras críticas, pois traz informações insuficientes para o encaminhamento de terapias de linguagem. Enquanto que os modelos cognitivistas têm fornecido informações relevantes para a abordagem terapêutica dos pacientes com alterações na linguagem.

Esta obra é de suma importância para a prática psicopedagógica visto que apresenta ao leitor uma visão panorâmica dos aspectos relativos ao processamento da linguagem e suas características anátomo-cerebrais, permitindo um olhar investigativo e multireferencial diante de dificuldades específicas dentro do contexto pedagógico.

O estudo é indicado para pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, psicolingüístas, neuropsicólogos, fonoaudiólogos, enfim àqueles que desejam ampliar seus conhecimentos e percepção quanto á psicogênese da linguagem a partir de uma abordagem mais aprofundada das funções cerebrais no processamento lingüístico e vísuo-perceptivo da escrita, leitura e da fala.

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Seilla Regina Fernandes de Carvalho – Pedagoga (UNEB-BA), Psicopedagoga Clínica e Institucional com habilitação em Docência do Ensino Superior (FAP-PR), Mediadora em cursos de aperfeiçoamento dos profissionais de educação, Arteterapeuta, Orientadora em Projetos de Educação Sexual de Crianças e Adolescentes.

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 08/03/2008
Reeditado em 02/06/2024
Código do texto: T892298
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