O EXORCISTA
                    W. Peter Blatty

 

 

“...Todos nós, de uma maneira ou doutra, conhecemos a ordem, a constância, a perpétua renovação do mundo material que nos rodeia. Por frágil e transitória que seja cada uma de suas partes, por turbulentos e migratórios que sejam seus elementos, mesmo assim ele persiste. Mantém-se uno por uma lei de permanência, e apesar de estar sempre morrendo, ressurge continuamente. A extinção apenas contribui para dar luz a novas modalidades de organização, e cada morte traz mil vidas. Cada hora, à medida que passa, só serve de testemunho de quão fugaz e no entanto seguro, certo, é o grande todo. É como uma imagem refletida na água: sempre a mesma, embora as águas corram sem parar. O sol se põe para tornar a nascer, o dia é tragado pelas trevas da noite, para depois rompê-las, como se jamais houvesse sido apagado. A primavera se transforma em verão e através dele em outono e inverno unicamente para regressar, triunfante, com mais esplendor ainda, daquele túmulo para onde se encaminhou resoluta desde a sua primeira manifestação. Pranteamos as flores de maio porque irão fenecer; porém sabemos que um dia maio há de se desforrar de novembro, pela volta desse ciclo solene que nunca se interrompe – que nos ensina a conservar a serenidade no auge das esperanças e a nunca desanimar quando caímos vítimas do desespero.”

 

“... a crença em Deus não é, de modo algum, uma questão de raciocínio; se trata,  afinal, de uma questão de amor, de aceitar a possibilidade de que Deus seja capaz de nos amar...”


(in "Fragmentos" - Anotações  de Leitura - 1974)