PEDAGOGIA DO AMBIENTE
LEEF, Enrique. A pedagogia do ambiente. In: ______.Saber ambiental: Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p. 253 -261.
De acordo com o autor o discurso do desenvolvimento sustentável é diferenciado pelos interesses ambientais de diversos setores sociais, cabendo ao processo educacional transmitir e difundir os princípios e valores das diferentes visões e propostas para atingir a sustentabilidade. Desse modo, a educação ambiental implica um processo de conscientização sobre os processos socioambientais emergentes, que mobilizam a participação dos cidadãos na tomada de decisões, junto com a transformação dos métodos de pesquisa e formação, a partir de uma ótica holística e enfoques interdisciplinares. Entretanto, da forma institucionalizada como se apresenta, visa apenas readaptar as consciências, atitudes e capacidades em função do discurso dominante.
Contrapondo esta concepção, a educação popular numa visão crítica do processo educativo propõe uma intervenção participativa no desenvolvimento de conhecimentos e sua aplicação em estratégias de desenvolvimento endógeno para a melhoria das condições de vida de cada população, orientando a construção de uma nova racionalidade social.
Com relação ao conceito de formação ambiental, o autor nos afirma que “implica em um processo mais orgânico e reflexivo de reorganização do saber e da sociedade na construção de novas capacidades para compreender e intervir na transformação do mundo”. Articula as formações ideológicas e conceituais com os processos de produção e aquisição de conhecimentos e saberes, num projeto histórico de transformação social.
Conforme o autor a questão ambiental tornou-se um dos mais grandes problemas da modernidade e este fato aponta para a criação de uma nova consciência sobre suas causas, sendo necessário para isso à construção de um processo educativo que desenvolva novas mentalidades capazes de formularem novas teorias que reorientem a relação homem natureza mediatizado pelo trabalho, respeito e exploração sustentável do meio ambiente. Neste sentido, a pedagogia enquanto ciência da educação teve que reorientar suas formulações frente à crise ambiental de modo a responder aos desafios trazidos pela emergência dos paradigmas da complexidade que suscitam a apreensão cognoscitiva de dominar a natureza e a sociedade através da ciência e de dar eficácia instrumental à transformação dos recursos naturais.
Segundo o autor, uma pedagogia do ambiente implica ensinamentos que resultam das práticas concretas que se desenvolvem num determinado meio, porém evitando o empirismo e um pragmatismo, mas valorizando a relação teoria e prática para fundamentar a reconstrução da realidade.
Em relação ao entendimento ao papel centralizador do mercado e ao positivismo que postula a unidade das ciências pela unificação do conhecimento, o saber ambiental abre novas perspectivas para a diferenciação do saber. Neste âmbito a pedagogia da complexidade deveria nos ensinar a pensar a realidade sócio ambiental como um processo de construção social a partir da integração de processos inter-relacionados e interdependes e não como fatos isolados, predeterminados e fixados pela historia. Portanto, deve ser ensinada a partir do primeiro grau com continuidade até o curso superior.
Conforme o autor, a pedagogia ambiental reclama a aplicação de um enfoque holístico e um pensamento da complexidade.
No entanto, a interdisciplinaridade desenvolvida nos níveis primário, médio, e superior, na abordagem da educação ambiental, continua sob controle do discurso dominante.