Sem Nome - Parte XII
Voltei para meu quarto tentando imaginar como faria para voltar para a festa, provavelmente teria que deixar de resolver algumas coisas para poder voltar a tempo.
Tirei minha roupa e vesti uma calça de seda roxa e uma camisa da mesma cor.. Precisa dormir.. logo cedo pegaria um avião para Manchester..
Mesmo relutando tantos anos para voltar.. haveria um dia que eu teria de ir, para dar um fim neste tormento que me assola há tanto tempo.
Deixei-me levar pelos pensamentos de como seria reencontrar parte da minha família e como estaria tudo por lá.. deixei-me levar pelo perfume de Diana que insistia em ficar em minha mente.. Aos poucos fui relaxando até o sono extremo.
Em meio deste sono.. fui atormentado pelos fantasmas que havia visto anteriormente.. “ você conhecerá”.. era tudo o que eles diziam.
Ao fundo, uma mulher, a única que conseguia distinguir dos demais.. a única com forma.. Uma mulher linda, morena, olhos verdes, corpo espetacular, veio caminhando vagarosamente até próximo de mim.. alisou meu rosto e olhou profundamente em meus olhos, depois virou e foi embora.. no mesmo caminhar vagaroso.
Seus cabelos eram castanhos médios..cheios e ondulados, divinamente cuidados.. (mesmo para um fantasma).
Seu caminhar era tão sensual, tão provocante.. Usava um vestido com a cintura marcada branco, com detalhes esverdeados.. mangas longas, bem presas ao punho, gola alta, enfeitada por um cordão.
Aquela experiência me causava arrepios, foi aterrorizante.. não consegui sequer reparar muito nela..
Enquanto mais ela se afastava, mais os fantasmas se aproximavam, chegaram a pegar-me e levar diante a um precipício, todos murmurando.. “ você conhecerá.. você conhecerá”
Aquilo estava chegando ao limite da loucura, mas estava com tanto medo, comecei a debater-me, gritar, chorar.
Acordei gritando em meu quarto, suando frio, tremulo, meu coração estava a mil. Levantei-me para beber um copo de água e quando me levantei.. vi a imagem daquela mulher.
Fechei meus olhos, não queria mais ver, quando abri novamente.. La estava ela.. Olhando tão triste para mim.. Depois desapareceu.
- Maldições, o que esta acontecendo? – gritei aterrorizado.
Levantei e fui beber água, ainda assustado, olhando para todos os lados, rezando para não ver mais nenhuma aparição naquela noite.
Voltei para minha cama.. ainda rezando, deitei-me e cobri minha cabeça.. é estranho como agimos quando estamos com medo.. agimos feito crianças, onde em sã consciência cobrir a cabeça me protegeria de alguma coisa.. Mas enfim, acho que minhas orações surtiram efeito, consegui relaxar e dormir.. e desta vez, dormir sem pesadelos algum.
Um som bem ao fundo me despertou.. era o som da campanhia do quarto.. bem na hora, como havia deixado instruções para me acordarem com 2 horas de antecedência..
Agradeci o rapaz com uma gorjeta razoável e pedi que ele subisse novamente dentro de 1 hora e meia, para pegar meus pertences e levá-los até o aeroporto.. (o aeroporto era em frente ao hotel que me hospedara).
O rapaz concordou.. já ciente de que receberia mais uma bondosa gorjeta.
Voltei ao meu quarto e comecei a aprontar-me.. tomei um banho quente, mas mesmo durante o banho, o perfume de Diana impregnava minhas narinas, me levando ao êxtase e a pensar nela.. bem como a confusão de pensamentos de como terei de agir em Manchester para poder retornar a tempo para a festa.. Aquilo era coisa demais para ser pensada na hora, resolvi deixar que os acontecimentos decidissem como agiria..
Vesti-me com uma calça preta de couro, uma camisa de seda lilás, um sobretudo preto também de couro.. além de uma bota cano alto.. vistosa e brilhante.
Realmente estava lindo.. aquela roupa era fantástica.. e para dar um toque final.. retirei de dentro da minha mala um Ankh de ouro branco, que havia encomendado no Egito anos atrás quando viajei para conhecer as pirâmides.. Realmente algo maravilhoso.
Parei de viajar em minhas lembranças e terminei de me arrumar.. coloquei alguns anéis de prata, algumas pulseiras ala rocker.. e perfumei-me.
Passei a mãe no telefone e liguei para a recepção.. prontamente o rapaz de antes tinha vindo atender..
- Vamos meu rapaz, tenho um vôo marcado.. inadiável.. vamos.- Me direcionei para o elevador.
Caminhamos um pouco mais que 200 metros e chegamos no hall de entrada o aeroporto, agradeci o rapaz e novamente lhe dei outra gorjeta.. e disse que talvez em breve nos veríamos.
O rapaz sorridente me desejou uma boa viagem e pediu para cuidar-me..
Disse que sim.. e desejei o mesmo.. e um bom trabalho..
Era hora de viajar, era hora de encarar toda uma vida deixada para trás.. era hora de retomar estes assuntos tão tenebrosos que queria que ficasse no esquecimento.
Enfim.. La vou eu..