Sem Nome - Parte IX

Minutos vagarosos, minhas mãos soavam e eu me tornava impaciente com a demora que o tempo passava.. Chronos deve estar brincando comigo.. não é possível.. são meros vinte minutos, como pode demorar tanto..

Pouco tempo após ter feito o pedido, o garçom me trouxe o champanhe.. eu nem me dei conta que não havia escolhido qual queria.. Mas ele por sua vez, com toda a graça de um educadíssimo garçom me perguntou:

- Meu senhor, com licença.. Esqueci-me de lhe perguntar qual champanhe era de sua preferência.

- Me perdoe meu caro, nem me atentei a este fato.. Mas vejo que esta com um em mãos. Qual é?

- Veuve Clicquot Brut, monsieur.

Admito, não conhecia este champanhe.. mas resolvi perguntar:

- É bom este champanhe meu caro?

- Um dos melhores, se o senhor não se preocupar com o preço.

Sorri com desdém.. Claro que não me importava com preço.. Muito menos por algo que me causaria prazer.. Tudo que promove prazer, deve ser bem pago.. TUDO.

- Será este então meu caro. Providenciei duas taças, de cristal de preferência, como pôde ter percebido, estou esperando uma visita.

Ah! Diana, já estava atrasada, típico costume feminino.. como poderia imaginar que ela seria diferente. O suspense que elas gostam de causar é infinitamente adorável, nos deixam enlouquecidos e depois nos trazem a sanidade com sua exuberância.. E no caso de Diana, isso era mais que uma verdade..

Passado quinze minutos do tempo combinado, já começava a me preocupar. Foi quando olhei para a porta e lá estava ela, maravilhosa em seu casaco de pele marrom, bota preta de cano alto, calças jeans por dentro da bota, uma blusinha de manga longa também preta, maquiagem leve.. Ela ficaria linda mesmo sem maquiagem.

De longe ela olhou em minha direção e acenou com sua mão.. pude reparar que ela estava com uma luva, que me parecia veludo, também preta.É fazia muito frio em Paris, inverno.. e tudo ficava ainda mais lindo e maravilhoso. Ela por si já era fantástica.. ainda mais adornada com todas as vestes finas que estava usando, tornava-a irresistível.

- Guarde meu casaco e minhas luvas, por favor – Pediu ela para o garçom.

- Oui mademoiselle – respondeu em francês o garçom.

Ela apenas sorriu e veio em minha direção, levantei-me e cortejei-a com um beijo em seu rosto e outro em sua mão.

- É um enorme prazer tê-la comigo esta noite – Falei quase que transbordando alegria em minhas palavras.

- O prazer é todo meu Haward, confesso que estava ansiosa em vê-lo novamente. - Ela deu um sorriso que a fez corar um pouco.

Estava perdido entre a felicidade do momento e o desejo que já era presente em mim. Contive-me, respirei fundo..

- Ontem, vocês me pareceram um tanto apressados, ou melhor, Joseph ficou bem alarmado após o telefonema que recebeu. O que houve querida.. se não foi ousadia demais perguntar?

Ela sorriu delicadamente como se minha pergunta foi das mais inocentes.. (E não era?)

- Nada que seja tão importante.. é que Joseph sempre fica assim quando o assunto é a empresa e o funcionamento da mesma.

- Empresa? Que empresa?

Ela sorriu novamente.

- A que herdamos quando nossos pais morreram, como Joseph é o mais velho, ele tomou a frente dos negócios e isso vem consumindo demais meu querido irmão.

Ela suspirou profundamente e continuou.

- Somos apenas meu irmão e eu.. Ninguém mais.. Nossos pais faleceram em um acidente de navio, uma catástrofe que aconteceu há uns 6 anos atrás. Nenhum de nós estava pronto para assumir o legado da família Browx, mesmo meu irmão cursando a universidade de Direito na Inglaterra tinha noção suficiente para dirigir a empresa, mas mesmo assim, batalhamos e fomos em frente, adquirimos conhecimento sobre tudo e todos na empresa. Mais meu irmão, é claro.. Ela riu baixinho em tom de deboche...

Olhei para meu lado, o garçom havia se aproximado com o menu..

Voltei meu olhar atento para Diana..

- Prossiga meu anjo – Insisti que continuasse.

Ela acenou com a cabeça que não.

- Vamos primeiro comer algo, estou faminta, não tive tempo para me alimentar direito, depois continuo a história.. Ah! É claro, se você quiser.. Mas com uma condição, que me conte a sua história.. estou curiosa para saber tudo sobre o misterioso Haward Oliver.

Fiquei assustado com o interesse que ela desenvolvera por mim em tão pouco tempo. Fiquei um tanto apreensivo em contar sobre minha vida, mas ela não precisava saber a verdade.. não toda a verdade, precisava? Claro que não.. ela também não acreditaria.

- Tudo bem querida, comeremos algo, depois voltaremos a nossa conversa. – Garçom, por favor, iremos fazer o nosso pedido.

Deixei que ela escolhesse, um ato bem cavalheiresco.. E ficamos la, apreciando o champanhe que havia pedido anteriormente..

(continua)