Sem Nome - Parte VIII

Quando me dei conta de que precisava resolver alguns problemas, resolvi olhar no relógio.. passava-se das 14 horas.. Fiquei alarmado, ainda precisava me direcionar ao aeroporto e voltar para Manchester.. Anos se passaram após minha última visita a tal cidade, jamais tive notícias de meus entes, também não procurei saber nada sobre eles, quis que todos vivessem suas vidas sem terem ciência de que ainda estava vivo.

Levantei-me e arrumei minha sobrecasaca , precisava ir embora.. E de relance senti a fragrância do perfume de Diana, ao qual me arrebatou e me fez ter um pequeno flashback de Diana e sua beleza.

Caminhei e chamei um táxi. Disse para ir direto ao aeroporto e sem mais delongas direcionamos para tal lugar.

La chegando tive que esperar ainda o vôo que seguiria até Paris, depois embarcaria direto até Manchester. Neste meio tempo, comprei um pequeno livro.. muito conhecido, já havia lido-o a tempos atrás, mas resolvi lê-lo novamente..

O Retrato de Dorian Gray.. falei baixinho, lembra muito a minha própria vida.. em partes.. Não sabia definir quais partes..

Beleza eterna.. esse pensamento me inundou.. tão logo o fiz sumir, não queria pensar nisso.

Chegando a Paris, ainda tive contratempos, o avião para Manchester havia sido cancelado, teria que passar a noite em algum hotel.

Já transtornado com tanto atraso, fui para um hotel próximo ao aeroporto, cedo já embarcaria e tão logo já resolveria alguns problemas que assolavam minha mente.

Chegando ao hotel, procurei como de costume a suíte mais luxuosa que havia, junto a isso, pedi meu jantar e uma garrafa de vinho.

Coisa de meia hora passada após instalar-me em meu quarto, o meu jantar chegou acompanhado por um vinho.. tão cansado estava que mal reparei na marca, nem na safra do vinho que havia comprado.. Apenas degustei da comida e da bebida e fui banhar-me..

Uma banheira de hidromassagem enorme.. adornada de enfeites dourados e com inúmeros sais de banho.. a escolher..

Enchi a banheira e coloquei alguns sais de banho.. o banheiro já estava repleto pelo vapor de água.. entrei na banheira e deixe-me levar pelo aroma e pelo local.. Fechei meus olhos, relaxar era o que mais almejava no momento.

Mas minha mente não cessava um instante sequer, oscilava entre pensamentos ruins e bons, sobre minhas aventuras amorosas, sobre o mundo que conheci, sobre problemas que haveria de resolver e que estava certo de que ainda iriam me assolar por mais algum tempo.. Até que de repente, Diana Browx.. Sorridente, exuberante.. uma beleza angelical..

Um turbilhão de perguntas vieram a minha mente.. junto com as imagens de Diana..

Amando? Eu? Não seria possível que isso fosse verdade..

Conseguia pensar em tantas coisas ao mesmo tempo.. e ao mesmo tempo em nada.. não conseguia traçar uma linha de raciocínio..

Subitamente comecei a entoar em voz melodiosa um poema.. que li há muito tempo atrás.. e que já nem tinha ciência de sua existência em minha mente..

Jamais te perdoarei..

Por fazer-me acreditar novamente

Jamais te perdoarei..

Por fazer florir o amor iminente

Jamais te perdoarei..

Por jogar-me de um precipício sem fim

Jamais te perdoarei..

Por fazer-me homem enfim

Jamais te perdoarei..

Por entrar em minha vida e bagunçá-la..

Jamais te perdoarei..

Por não completar a lacuna que deixara..

Enfim.. Jamais te perdoarei por existir

E por fazer-me odiá-la com a mesma intensidade que a amo..

Jamais te perdoarei.. por me fazer amar novamente.

Sequer lembrava o nome do autor, mas provavelmente de algum escritor pouco conhecido, não me lembro onde havia lido.. mas isso pouco importava..

O grande porém da história toda era o porque de estar citando tal coisa..

Decidi tentar esquecer.. e fui o que fiz.. ou o que tentei fazer..

Me enxuguei e deitei-me.. e novamente o poema.. novamente Diana.. novamente pensamentos incoerentes..

Levantei-me e tomei mais uma dose de vinho.. e fui arrumar minhas roupas..

Revistei os bolsos para que não tivesse o problema de cair nada na hora que estivesse indo embora. Passei a mão em todos, internos e externos.. Justamente no último bolso.. encontrei um papel.. um telefone.. um nome... Novamente o desejo e os pensamentos fluentes.. Diana..

Instantaneamente liguei, afinal, estava em Paris.. e a estas alturas ela também estava..

- Alô, com quem falo?

- Diana Browx, posso ajudá-lo?

- Sim querida, poderia muito me ajudar.. se aceitasse tomar um café comigo..

Um risinho..

- Haward.. onde está?

- Paris querida, hospedado em um hotel próximo ao aeroporto. E você?

- Já retornei para Paris, estou em casa, acabei de sair do banho.. Mas, achei que nem fosse me ligar..

Senti uma euforia em Diana..

- Como não ligar? Faria questão de ligar todos os dias se isso não parecesse tão incomodo..

Mais um risinho.

- Incomodo algum seria..

Hesitei alguns segundos.. e decidi falar..

- Posso encontrá-la?

Claro que havia 50% de chances de que ela recusasse.. mas não.. eu estava otimista

- Claro, onde?

- Conhece o hotel logo a frente do aeroporto?

- Sim- ela respondeu

- Então.. ao lado querida, há um restaurante.. podemos nos ver neste restaurante.. Já reservo uma mesa para nós.. o que acha?

- Ótima idéia.. em uma hora estarei lá.. Agora vou me arrumar.. Beijos querido, até breve.

Desligou o telefone em euforia.. eu, passei mão em minhas roupas e corri me aprontar.. ainda tinha que fazer reservas.. mas tudo isso era questão de minutos..

Aprontei-me e liguei para a recepção fazer a reserva em meu nome..

Faltando pouco mais de 20 minutos, direcionei-me ao restaurante e sentei-me a mesa..

- Um champanhe meu caro.

Estava ansioso em vê-la novamente.. E o tempo passava vagaroso demais.. vinte minutos já se pareciam como uma eternidade.. Eu sabia como uma eternidade era..

(continua)