Sem Nome - Parte VII

Novamente a hesitação em falar sobre minha vida, já estava evidente que não gostava de falar muito sobre mim.. e certamente eles haviam notado, entretanto eu causa uma grande curiosidade em meus anfitriões.

- Espero não estar sendo indelicado – disse ressabiado Joseph.

Claro que estava sendo indelicado.. oras, pensei eu..

- Claro que não meu caro, é que estou desacostumado a falar sobre minha vida.. (Por que será? Ainda me divirto com esta questão).

Percebi seus olhares fixaram em mim.. Diana lia meus lábios enquanto apreciava minha face..

Ah! Não me descrevi.. mas acredite, sou extremamente atraente.. Talvez vaidoso demais e pouco humilde.. mas certamente muito belo.

Mas voltemos...

Tive certeza de que Diana conseguiria captar qualquer detalhe de meu rosto com tamanha atenção em que ela se dispôs a olhar-me.

Seus ouvidos estavam atentos a toda e qualquer palavra que eu pronunciava. Queria que esta pergunta jamais tivesse sido feita.. Mas, sabia que seria inevitável.. ainda mais pelo fato de que queria saber mais sobre minha encantadora Diana.

- Sou de Manchester, caro Joseph.

Ele sorriu..

- Meu Deus, Manchester.. conheço esta cidade, morei alguns anos lá com minha falecida esposa.

Novamente a cara de tristeza o assolava.

- Mas que parte de Manchester você morou? – Continuou com as perguntas..

Aquilo já estava me incomodando.. mas não poderia perder a educação.. não.. Jamais, Haward Oliver jamais perde a educação.. Muito pelo contrário.. a educação praticamente deriva-se de mim..

- Minha família, ou o que restou dela ainda residência em Trafford Park, bairro próximo ao centro, Conhece?

Ele demorou um pouco para responder.. Parecia pensar.. enquanto ele fazia isso, voltei meu olhar para Diana, que continuava a me fitar incessantemente.. era encantador o modo que me olhava.. e ao mesmo tempo um tanto constrangedor..

- Talvez conheça, mas não me recordo exatamente.. já se passaram alguns anos desde que mudei de lá..- Respondeu Joseph

Ele ainda me parecia pensativo, pensativo demais, seu semblante transmutou..

- O que houve? Parece que não esta bem, foi algo que disse?

Prontamente, Diana se adiantou e disse não haver nada..

Achei um tanto estranho tudo aquilo, mas resolvi não insistir.

Diana com um largo e brilhoso sorriso perguntou:

- Quanto tempo saiu de lá.. e por quê?

Aquilo tornava-se cada vez mais complicado, tinha que dar um jeito de me desvencilhar destas perguntas.. mas como?

- Problemas familiares e desejos maiores que a minha própria vida.. Desejei o mundo.. ainda o desejo.. e por isso, decidi partir.

O problema era que quanto mais tentava abrandar a conversa.. mais perguntas vinham.. Foi ai que resolvi jogar o mesmo que eles..

E vocês.. de onde são?

- Somos parisienses.. Nascemos e crescemos em Paris.. Conhece Paris? -Diana me perguntou

- Sim, claro – Foi uma das primeiras que conheci.. Além do fato de ter morado alguns anos em Paris.

Na realidade, Paris estava apenas a algumas horas da cidade em que estávamos.

Estávamos em Lille, ao norte de Paris.

Eu amava a noite parisiense, maravilhosa e acolhedora.

- O que estão fazendo por aqui?

Neste instante, o celular de Joseph tocou, ele olhou a chamada e foi até a porta do banheiro atender.. Enquanto Diana e eu mantínhamos uma boa conversa sobre poemas e músicas.. Que comentarei mais adiante.

Após alguns minutos, Joseph voltou transtornado, transformado.. parecia querer ir embora rápido.

- Algum problema Joseph? Perguntei

- Sim, sim, temos que ir..- respondeu Joseph já de pé.- Vamos Diana, temos algumas coisas urgentes a resolver.

- Que pena, estava interessante a nossa conversa, adorei conhecê-los..

Diana correu até o balcão e pediu uma caneta, passando a mão em um guardanapo de papel, escreveu seu número de celular e o residencial.

- Ligue, assim poderemos marcar mais alguma coisa.. quem sabe? – Disse ela, passando ao meu lado e beijando minha face.

- Até mais minha linda.. Até mais Joseph, espero vê-los novamente em breve.

- Espero que muito em breve..- Saiu correndo ao lado de Joseph ao dizer estas palavras sorrindo.

Fiquei na mesa apenas observando os dois se afastarem até uma Mercedes Bens preta, adentrarem e saírem estrada a fora.

Terminei meu pedido e fiquei pensativo e ansioso por nosso encontro.

(continua)