A proposta libertadora pela Educação
A obra "Pedagogia do Oprimido" do Paulo foi lançada e publicada originalmente em 1968, e é uma das obras mais influentes da educação crítica e libertadora, de referência mundial, escrita em quatro capítulos. O livro reflete a experiência de Freire com a educação popular no Brasil e em outros países da América Latina, e com esta reflexão, propõe um modelo pedagógico que emancipa os oprimidos, ora educandos, e os torna protagonistas de sua própria história.
Inicialmente, Paulo Freire critica o modelo tradicional de ensino, que ele denomina "educação bancária", caracterizada pela deposição passiva de informações nos alunos, sem considerar sua experiência ou visão de mundo, além de promover alienação e passividade na conformidade de suas próprias vidas. Em oposição, Freire propõe uma educação problematizadora, dialógica e participativa, na qual o professor, ora educador, e o aluno, ora educando, aprendem juntos e constroem conhecimento de maneira crítica e transformadora.
No primeiro capítulo, Freire analisa a situação do oprimido e a necessidade de conscientização diante dos problemas da realidade que a maioria dos estudantes se encontram no país, marginalizados, excluídos, coisificados e considerados meros retransmissores de conteúdos de conhecimento, sem perspectiva de qualidade de vida e em busca de seus sonhos. O processo de conscientização se passa, pedagogicamente, na leitura e observação do conhecimento proposto e na leitura de mundo, ou seja, da própria realidade que vive, para depois chegar a uma conclusão de como é possível mudar sua realidade, diante do conhecimento adquirido de modo crítico, inovador, transformador, emancipador e libertador das alienações promovidas pela tirania, opressão, conformismo, comodismo e não aceitar a situação como assim está a sociedade.
No segundo capítulo, discute-se a relação entre educação e opressão, e apresenta a educação dialógica como alternativa. O autor aborda a questão de que o diálogo deve ser horizontal, ou seja, democrático, entre educador e educando, e não autoritário e verticalizado, de modo que o professor seja humilde entre seus alunos, numa roda de conversa, que procura ouvir a todos os presentes. É um momento que o professor não pode ser autocrático o tempo todo, sempre buscar consensos, encaixes nas falas de todos e agir como um mediador e guia, neste momento pedagógico da aula.
No terceiro capítulo, Freire explora a prática da liberdade e a necessidade de um diálogo autêntico, ou seja, de que todos se sintam à vontade para falar e dar sua opinião, e o professor mostrar pistas e caminhos sobre o conhecimento, como também propor atividades de pesquisa e de ação dinâmica e interativa, ou seja, que se forma subgrupos e depois faça uma plenária para conclusões dos subgrupos a fim de um consenso que encerre a aula ou se tome decisão de projetos viáveis que possam os estudantes agirem na transformação do seu meio social e da sua realidade.
E no último capítulo, Freire aprofunda o debate sobre a pedagogia libertadora e sua aplicação na prática. Ou seja, de que a pedagogia seja capaz de despertar nos educandos disposição para mudarem suas vidas para melhor, no sentido de emancipação e libertação daquilo que eles estavam aprisionados mentalmente, ou seja, alienados, e assim busquem tomadas de decisão individual e coletiva, para transformarem a realidade que vivem.
A relevância de Pedagogia do Oprimido transcende a área educacional, na sua proposta reflexiva e distinta sobre o olhar na educação, e se insere no campo da sociologia, da política e dos movimentos sociais, porque sua proposta é, também, política, no sentido de uma sociedade mais democrática, igualitária e solidária.
O livro continua atual, principalmente em contextos de desigualdade social e educacional, nos quais a opressão ainda se manifesta de diferentes formas, como hoje acontece nas propostas tanto das escolas públicas e até nas escolas particulares.
Entretanto, algumas críticas são feitas à abordagem de Freire, especialmente por aqueles que defendem um ensino mais conteudista e estruturado sem questionamento. Para esses críticos, a ênfase no diálogo pode comprometer a sistematização do conhecimento e levar a uma forma de ensino menos objetiva, o que não é verdade, pois sua proposta pedagógica amplia a questão do significado do conhecimento e da educação na vida das pessoas. Além disso, algumas de suas ideias foram reinterpretadas de maneira distorcida, o que gerou debates sobre a aplicação prática de seu método.
No entanto, Pedagogia do Oprimido permanece um marco na história da educação e um convite à reflexão sobre o papel do educador na formação de uma sociedade mais justa e igualitária. O pensamento de Paulo Freire continua a inspirar educadores, ativistas e pesquisadores, e reforça a importância do ensino como ferramenta de transformação social.
É um livro fantástico e totalmente, recomendável, para ler, refletir e buscar agir na vida para transformar a própria realidade.