TOM SAWYER, resenha

 

Resenha do romance "As aventuras de Tom Sawyer", de Mark Twain. RBA Editores, Barcelona, Espanha, 1996. Tradução de Luísa Derouet. Editora Nova Cultural, Santos-SP, 2002.

 

Tom Sawyer, Huckleberry Finn e vários outros personagens deste livro reaparecem em "As aventuras de Huckleberry Finn". Twain até hoje é um dos autores mais prestigiados da literatura estadunidense do século 19, com seu estilo seguro e mordaz.

A época dessa história, passada lá pelas bandas do Rio Missouri, é certamente anterior à Guerra da Civil, e penetra meio em tom de farsa no mundo das crianças e pré-adolescentes do interior, que conviviam com a excessiva severidade dos professores (que aplicavam palmatorias e chibatadas) e dos pais e responsáveis - inclusive mulheres que davam até soco nas crianças.

É curioso também o estoicismo com que garotos suportam as punições físicas.

Tom possui uma rebeldia invulgar. Ele é criado pela tia Polly, a quem vive enganando e com seus colegas e cúmplices, a começar por Huck e incluindo Joe Harper, mete-se a dar passos maiores que suas pernas. Professam um monte de superstições bobas mas que deviam ser comuns na época e região. Pensam em se tornar piratas e caçar tesouros, testemunham um assassinato no cemitério, somem das vistas de suas famílias pensando em viver numa ilha, e não chegam a ser personagens simpáticos.

Na verdade pouco falta para serem pequenos delinquentes. Huck, inclusive, está largado por aí, seu pai bêbado desaparecido - ele aparece no outro livro, supracitado. Mas no fundo não são meninos ruins, Tom até tem um pequeno romance com Becky, até com encontros e desencontros.

Um livro agradável de ler, recheado de sátiras e ironias, assinado por um autor realmente grande.

 

Rio de Janeiro, 8 de abril de 2019.