Um discurso contra as aparências

A obra prima “O discurso sobre as ciências e as artes” do filósofo de Jean-Jacques Rousseau, premiado em 1750 na Academia de Dijon, faz toda uma retórica discursiva sobre circunstâncias individuais e coletivas para o restabelecimento das ciências e das artes na possibilidade de aperfeiçoar os costumes, mas que na verdade, contribuíam para o estado de dissolução moral em que se encontrava a sociedade francesa. Rousseau fez uma autocrítica de ser uma celebridade, pois o máximo pode ser um medíocre, pois a infelicidade desdobra com perseguições injustas. Enfatiza-se no discurso as questões morais sem sutilezas metafísicas, pois o que importa são as verdades para a felicidade do gênero humano. A felicidade, segundo Rousseau, associa-se à virtude como Aristóteles tinha estudado sobre a ética. Aristóteles estuda a felicidade como virtude, mas Rousseau procura mostrar que as ciências e as artes se desvirtuam da sua origem para serem positivas em si mesmas, pois a astronomia nasceu da superstição, a eloquência nasceu da ambição, do ódio, da adulação e da mentira; a geometria nasceu da avareza; a física nasceu da curiosidade infantil; a moral nasceu do orgulho humano, e as ciências e as artes nascerem nos vícios humanos. E isso é um mal-estar que introduz o homem na história, quando fora selvagem, de acordo com a natureza, não teria experimentado os males da civilização. E o estado natural humano é o verdadeiro Éden no mundo o que então percorre a ideia do movimento iluminista, no sentido de libertar o indivíduo das trevas da ignorância, da superstição e da tirania política. A obra de Rousseau demonstra sua descrença na civilização, não via com entusiasmo as luzes da razão na sua época, pois ele observava a cultura dos falsos valores, baseados na aparência, pois o ser e o parecer se confundiam.

Rousseau evoca Sócrates que foi vítima de ofensas de juízos alheios, com zombaria e desprezo, sendo sentenciado à morte por mostrar a verdade.

O livro é uma obra formidável e marco do iluminismo francês que abrilhantou Jean Jacques Rousseau como grande filósofo do seu tempo. Sua ironia e acidez aos costumes foi uma crítica a mentalidade da sua época que muitos ostentavam mais as aparência do que a essência das pessoas. Para quem gosta e ama filosofia, o livro é totalmente recomendável para uma excelente leitura.

Lúcio Rangel Ortiz
Enviado por Lúcio Rangel Ortiz em 14/11/2024
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