A Lista - F. Forsyth

Nos recônditos de Washington existe uma lista curta e ultrassecreta na qual constam nomes de pessoas que representam grandes riscos aos Estados Unidos. Sua mais recente adição é o Pregador, um terrorista que realiza sermões on-line incentivando jovens muçulmanos a assassinar figuras políticas e depois se suicidar por Alá. Não se conhece o nome, o rosto ou a localização do Pregador. Assim, o caso é passado para o Rastreador, um experiente oficial da Tosa - a Atividade de Apoio a Operações Técnicas -, com a missão de identificar, localizar e eliminar essa ameaça.

Mais um livro na estante dos "lidos".

Dessa vez novamente saboreando uma obra do mestre Forsyth: "A Lista". Lançado em 30 de abril de 2014. Aqui no Brasil, pela Editora Record.

Antes, porém, de se iniciar uma dissertação a respeito da obra, julgo mais do que conveniente apresentar seu autor, mestre dos romances de espionagens, o britânico Frederick Forsyth. Mas para isso, vamos atalhar caminho e pedir ajuda ao

Wikipedia mais uma vez:

Começou a servir a RAF (Royal Air Force) como um dos mais jovens pilotos, tendo servido até 1958. Depois começou a trabalhar no Eastern Daily Press como repórter. Em 1961, se tornou correspondente da Reuters em Paris. Trabalhou também na Alemanha Oriental e na Tchecoslováquia, países onde obteve muitas informações que seriam, posteriormente, publicadas em seus livros. Retornando a Londres em 1965, trabalhou como repórter de rádio e televisão na BBC, o que lhe proporcionou a oportunidade de conhecer a fundo os grandes dramas da política internacional. Essa experiência no jornalismo o ensinou a ser minucioso e preocupado com as verdades históricas. Como correspondente diplomático assistente, cobriu o lado biafrense da guerra entre a Nigéria e Biafra de julho a setembro de 1967, e isto forneceu a ele conhecimento de política internacional, especialmente sobre o mundo dos soldados mercenários. Foi este trabalho e a pesquisa relacionada que interessaram a ele como verdade histórica. Em 1968, deixou a BBC para retornar para Biafra e cobriu a guerra, primeiro como freelance e depois para o Daily Express e para a revista Time.

Em 1970, após nove anos de intensa carreira jornalística, Forsyth teve a ideia de escrever um livro onde poria à prova os métodos de investigação de sua atividade como repórter. Escolheu um tema romanesco e de certo modo misterioso: as tentativas da extrema direita francesa de assassinar o General Charles De Gaulle, presenciadas por Forsyth em 1962 em Paris. Nasceria assim o primeiro de sua longa lista de sucessos: O Dia do Chacal.

A lista de thrillers que escreveu após o grande sucesso deste livro o tornou um best-seller internacionalmente reconhecido. Especializou-se em romances envolvendo espionagem e política internacional. Com O Fantasma de Manhattan, flertou com romances de suspense, mas o resultado foi decepcionante para seus antigos leitores. Estão entre seus grandes livros os romances A Alternativa do Diabo, Dossiê Odessa e O Quarto Protocolo. Frederick Forsyth fala francês, alemão e espanhol fluentes, e tem viajado por toda a Europa, Oriente Médio e África, e estas experiências podem ser vistas na autenticidade dos seus livros.

Pronto. Thanks Wikipedia!

Dos livros escritos pelo cara, já devorei: Cães de Guerra, O Dia do Chacal, O Dossiê Odessa e agora A Lista. Destes, O Dia do Chacal ainda é o mais legal além de ser o mais antológico devido a sua versão cinematográfica e a lembrança do mais famoso terrorista do mundo, Carlos o Chacal.

Mas isso é papo pra outro post. Vamos ao livro.

Como não poderia deixar de ser, o livro é mais uma aula de história e geopolítica contemporânea descrevendo e citando fatos e personagens da atualidade. O que chama a atenção de imediato, assim como nas demais obras e em suas respectivas épocas em que a narrativa ocorre, é a sintonia fina para com a realidade do momento, descrevendo os novos desafios das potencias globais a elas impostas por seus novos inimigos após a Guerra Fria e o 11 de setembro. Estamos falando do terrorismo islâmico salafista.

PS: Salafismo (do árabe سلفي, salafī, "predecessores" ou "primeiras gerações") ou movimento salafista é um movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita. A doutrina pode ser resumida por ter "uma abordagem fundamentalista do Islã, emulando o profeta Maomé e seus primeiros seguidores".

Obrigado novamente Wiki...

Novos inimigos, sem uma pátria definida e espalhados pelo mundo, usando e abusando das novas tecnologias de informação e comunicação disseminadas pelo globo e alcançando a todos, cujo controle é praticamente impossível.

Tudo isso é, portanto, pano de fundo para a trama da obra A Lista. Creio eu que, por detalhe, Forsyth não tenha citado o ISIS (o tal Estado Islâmico) no contexto da obra. Talvez porque seu lançamento tenha sido em 2014 (considerem ainda alguns anos antes para a concepção da obra) e naquele ano esses caras não estariam tanto em evidência assim. Mas já vemos a citação da morte de Osama Bin Laden. Para deixar o lance mais tenso, Forsyth ainda aborda no contexto da obra a pratica da pirataria na costa da Somália e suas características.

Drones, hackers, telefones via satélite, redes sociais, criptografia,... uma parafernália tecnológica é empregada na descrição da narrativa com detalhes excelentes mas com linguagem não menos acessível. Mas sabe como é: quem conhece um pouco mais vai curtir mais e entender melhor o que ele queria descrever.

Além disso, CIA, FBI, Seals, SAS, Mariners, Delta Boys, Pathfinders MI-6,... um punhado de organismos e unidades de combate e defesa dos EUA e Grã-Bretanha são citados e descritos durante a narrativa, bem como os laços de comunicação e cooperação entre si, ao mesmo tempo em que o autor deixa claro todas as dificuldades que estas tem em combater inimigos silenciosos que agem nas sombras, como os terroristas da atualidade.

Toda essa caracterização me levou a imaginar como deve ter sido o processo de concepção desta obra. Fico imaginando o quanto Forsyth leu, pesquisou, consultou, investigou, entrevistou... Sem falar na porrada de contatos que ele deve ter feito para poder compilar tanta informação num único romance e de forma tão concisa quanto este. Trabalhar com um cara desses poderia ser o céu ou o inferno, dependendo do ponto de vista. Céu por tudo o que se poderia aprender com o cara. E inferno o quanto lixo o cara poderia se sentir próximo de alguém com tamanha capacidade intelectual.

A velocidade da narrativa é padrão Forsyth: rápida e de tirar o fôlego. Em determinados momentos o livro se torna enfadonho (qualquer livro tem essas partes) onde a gente cansa. Mas do meio para o final a coisa deslancha e prende de vez a nossa atenção quando não vemos a hora de ver como será o desfecho de tudo.

O único ponto fraco (se é que posso dizer que existe), é o final da narrativa que se resume numa cena de ação. Assim como nos demais livros de Forsyth, a cena final é descrita com riquíssimos detalhes, mas é curta e com um desfecho muito sóbrio, chegando a decepcionar o leitor um pouco.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o título: "A Lista". Não me pareceu ser um titulo muito apropriado tendo em vista que "a lista" resumiu-se a apenas um único inimigo. Não entendi o porquê da escolha desse titulo, mas...

Vale a pena?

Ah, vale!

Especialmente para aficionados em história como eu.

Melhor seria se rolasse uma versão cinematográfica.

Humilde opinião de quem vos escreve.

Lupus Noctem
Enviado por Lupus Noctem em 04/10/2024
Código do texto: T8166075
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