Quando Os Gigantes Caminhavam Sobre A Terra; a biografia do Lez Zeppelin por Mick Wall
A biografia Led Zeppelin – Quando Os Gigantes Caminhavam Sobre A Terra, publicada pela Globo Livros, é um daqueles livros que viciam desde a capa. Muito disso vem do legado que banda inglesa deixou, mas não podemos deixar de sublinhar o estilo de escrita de seu autor, o renomado jornalista britânico especializado em rock, Mick Wall, que tem em seu currículo biografias de outros gigantes do rock como Guns’n’Roses, AC/DC e Metallica, para citar alguns; destaque também para a certeira tradução de Elvira Serapicos. Para quem espera uma coletânea de histórias picantes sobre o hedonismo dos anos 70 talvez decepcione-se um pouco, elas estão lá em algum momento é claro, mas o foco é o desenvolvimento dos personagens que criaram esse monstro sagrado do rock n roll.
Nas suas quase 500 páginas, a biografia toma o cuidado de começar pelo começo, narrando a trajetória dos cinco personagens centrais na história do Led, a se saber: o icônico (por todas as razões possíveis) empresário Peter Grant; o baixista, arranjador e multi-instrumentista John Paul Jones; aquele que é considerado um dos maiores, se não o maior baterista de rock de todos os tempos, o explosivo John Bonham; o frontman e deus dourado (e irmão gêmeo de Patricia Pillar, risos), Robert Plant; e a pedra angular, o homem que começou tudo, o mago da guitarra e também produtor, Jimmy Page.
Mick Wall destrincha através da trajetória musical e pessoal de cada um, o que levou cada um deles ao momento que Jimmy resolveu reformar o Yardbirds, seminal grupo britânico que já havia contado com Eric Clapton e Jeff Beck em sua formação, e criar o Led Zeppelin, definitivamente algo mais pesado que o blues psicodélico de seu antigo grupo.
A partir daí, o autor detalha com incrível riqueza de minucias como aquela aposta incerta de Jimmy Page, tornar-se-ia uma das maiores, para não poucos a maior, banda de rock de todos os tempos. O sucesso avassalador nos EUA; a luta para ter credibilidade no Reino Unido; as imensas turnês em estádios de futebol; o envolvimento problemático com drogas e groupies e as tragédias que rondaram a banda desde o seu início e que por fim decretaram o seu fim diante da morte de John Bonham em 1980.
Outro tema bastante abordado minuciosamente por Mick é o sério envolvimento de Page com o ocultismo, principalmente sua fascinação pelo famoso bruxo inglês Aleister Crowley. Muitos apontaram o dedo para o Led entrelaçando essa fato com as tragédias ocorridas com a banda, que também incluíram um grave acidente de carro sofrido por seu cantor e tempos depois a morte repentina de seu filho.
Mas o tema do oculto, segundo o autor, além de criar uma aura em torno da banda (nem sempre uma aura saudável), também ajudou no processo de criação das suas lendárias músicas; que versavam não apenas sobre sexo e drogas, mas também sobre mitologia nórdica, paganismo e ocultismo, como pode servir de exemplo o clássico absoluto Stairway To Heaven.
Fato é, que a música do Led foi tão avassaladora quando seu sucesso e seu fim. Mick Wall tenta, e arrisco dizer que conseguiu, através de seu texto dimensionar, principalmente para os que assim como quem vos escreve não viveu aquela época, o tamanho da força motriz que o Led representava; suas 500 páginas são um deleite ao fã de rock e do Led. Uma escrita bastante dinâmica, tão cara ao jornalismo, e a preocupação em alternar a dinâmica interna da banda com o quadro geral do período faz dessa uma leitura não apenas necessária com imensamente prazerosa.
O único ponto de sútil desagrado é justamente o título da biografia, que a meu ver não faz jus ao evento cataclísmico que foi o Led Zeppelin. Ao invés de Quando Os Gigantes Caminhavam Sobre A Terra, título mais apropriado seria: Quando Os Deuses Estavam Entre Nós.