Resenha sobre o Livro "Cristianismo puro e simples"

O livro foi escrito pelo autor C. (Clive) S. (Staples) Lewis, que surgiu, a partir, de um compilado de informações das palestras ministradas pelo autor na BBC, pelo rádio, durante o período da segunda guerra mundial. Nesta obra, Lewis apresenta os principais elementos da sua cosmovisão cristã, conduzindo o leitor para temas complexos, e estimulando a um grande processo de reflexão.

O livro é dividido em quatro partes, cada uma abordando um aspecto diferente da fé cristã. Na primeira parte, Lewis discute a ideia de Deus e a natureza humana. Na segunda parte, ele fala sobre o papel de Jesus Cristo como salvador da humanidade. Na terceira parte, ele discute a natureza da vida cristã e os desafios que os cristãos enfrentam. Na quarta e última parte, ele discute a natureza do bem e do mal, e a importância da oração e da adoração.

Algumas curiosidades e frases textuais chamam a atenção de qualquer leitor e são destacadas abaixo:

1) O nome "cristãos" foi empregado pela primeira vez em Antioquia (Atos 11:26) para designar os discípulos, aqueles que aceitavam o ensino dos apóstolos;

2) C. S. Lewis serviu nas trincheiras da primeira guerra mundial quando era jovem e, em 1940, quando as bombas começaram a cair sobre a Grã-Bretanha, ele se alistou como oficial da vigilância antiaérea e passou a dar palestras aos homens da Força Aérea Real, os quais sabiam muito bem que, depois de apenas 13 missões de bombardeio, a maioria deles seria declarada morta ou desaparecida. A situação desses homens inspirou Lewis a falar sobre os problemas do sofrimento, da dor e do mal, trabalho este que resultou em um convite da BBC para uma série de palestras no rádio acerca da fé cristã em um período de guerra. Essas palestras, que foram ao ar de 1942 até 1944, acabaram sendo reunidas em um livro que conhecemos hoje como Cristianismo puro e simples;

3) Devagar se vai ao longe;

4) Quão monotonamente iguais têm sido todos os grandes tiranos e conquistadores; quão gloriosamente diferentes, todos os santos;

5) Suponha que você ouça um grito por socorro de uma pessoa que esteja em perigo. Provavelmente você terá dois desejos - o de prestar ajuda (por conta de seu instinto gregário) e outro de manter-se fora de perigo (por conta do instinto de autopreservação), mas encontrará dentro de si, além desses dois impulsos, uma terceira coisa que lhe diz que você deve seguir o impulso de ajudar e suprimir o impulso de fugir. Agora, essa coisa que faz você julgar entre dois instintos e que decide qual dos dois deve ser encorajado não pode ser nenhum deles propriamente dito.;

6) Outra forma de se reconhecer que Lei Moral não se reduz a um dos nossos instintos é a seguinte: sempre que dois instintos estão em conflito e não há nada na mente de uma criatura além disso, obviamente o mais forte dos dois prevalecerá;

7) Você provavelmente deseja ficar em segurança mais do que deseja ajudar uma pessoa que esteja se afogando, mas a Lei Moral lhe diz para ajudá-la assim mesmo, e certamente muitas vezes nos diz para tentar tornar o impulso certo mais forte do que era naturalmente;

8) Há duas coisas estranhas sobre a humanidade. Primeiro, que eles são perseguidos pela ideia de que há um tipo de comportamento que devem adotar que poderíamos chamar de justiça, ou decência, ou moralidade, ou Lei Natural. Segundo, que, na verdade, eles não agem de acordo com ela;

9) Se você estiver no caminho errado, o progresso significará dar meia-volta e retornar ao caminho certo; e, nesse caso, a pessoa que voltar atrás mais rápido será também a mais progressista;

10) Somente depois que você percebe que existe uma Lei Moral real e um poder por trás dessa lei, e se dá conta que violou tal lei e cometeu alguns erros contra esse Poder - é só depois de tudo isso, e nenhum instante antes disso -, que o cristianismo começa falar a sua língua. Quando você sabe que está doente, dá ouvidos ao médico. Quando tiver se dado conta de que nossa condição é desesperadora, começará a compreender do que os cristãos estão falando;

11) Se você for cristão, não precisa acreditar que todas as outras religiões sejam simplesmente de todo erradas;

12) Nós, seres humanos, chamamos uma coisa de bem e outra, de mal; mas, de acordo com certas pessoas, isso não passa de um ponto de vista. Essas pessoas diriam que, quanto mais sábio você vai ficando, menos tem o desejo de chamar alguma coisa de boa ou má e mais claramente você consegue ver que algo é bom em certo sentido e mau em outro;

13) A visão que pensa que Deus está além do bem e do mal - é chamada de panteísmo e foi defendida pelo grande filósofo prussiano Hegel. A ideia cristã é bem diferente. Eles pensam que Deus inventou e criou o universo - como uma pessoa que tira uma foto ou compõe uma peça musical. Um pintor não é uma pintura, e ele não morre se sua pintura é destruída;

14) Meu argumento contra Deus havia sido que o universo parecia muito cruel e injusto. Mas de onde eu havia tirado essa ideia de justo e injusto? Uma pessoa só chama uma linha de torta se tiver alguma ideia do que é uma linha reta;

15) A maldade, se você examinar de perto, acaba se revelando como a busca por algum bem, mas de maneira errada. A maldade não passa de uma bondade corrompida;

16) Se alguém é livre para ser bom, também é livre para ser mau. Por que então Deus concede o livre-arbítrio? Porque o livre-arbítrio, embora possibilite o mal, também é a única coisa que torna possível todo o amor, toda a bondade ou toda a alegria;

17) E eis aí um verdadeiro paradoxo: só uma pessoa má precisa de arrependimento, mas só uma pessoa boa consegue arrepender-se perfeitamente;

18) Um cristão não é uma pessoa que nunca comete erros, mas uma pessoa capaz de se arrepender e dar a volta por cima, começando tudo de novo depois de todo o tropeço que der;

19) Há duas formas pelas quais a máquina humana pode emperrar. Uma delas é quando os indivíduos humanos se afastam uns dos outros ou, então, chocam-se uns com os outros, prejudicando-se mutuamente pela trapaça ou pela provocação;

20) Há sete "virtudes". Quatro delas são chamadas virtudes "cardeais", e as outras três são as "teologais". As "cardeais" são aquelas que todas as pessoas civilizadas reconhecem, ao passo que as "teologais" são aquelas que, em geral, somente os cristão conhecem. Essas virtudes foram chamadas de "cardeais" porque eram, por assim dizer, "cruciais", são elas: prudência, temperança, justiça e fortaleza. A prudência significa o bom e prático bom senso, dar-se ao trabalho de pensar antes de agir e refletir sobre as prováveis consequências de nossas ações. A temperança se refere a usar de moderação, na medida certa, sem ultrapassá-la. A justiça significa "jogo limpo", e isso inclui honestidade, reciprocidade, veracidade, cumprimento de promessas e todo esse lado de vida. A fortaleza, por sua vez, inclui ambos os tipos de coragem - aquela que nos leva a encarar o perigo como a do tipo que nos faz suportar a dor até o fim; As três teologais são fé, esperança e caridade.

21) A Regra de Ouro do Novo Testamento - Faça com os outros o que gostaria que fizessem com você;

22) Dr. Johnson - escritor, moralista e pensador inglês - disse certa vez: "bem mais frequentemente, as pessoas precisam ser relembradas que instruídas".;

23) Se nossa caridade não nos pesar ao menos um pouco, então diria que está pequena demais;

24) Os seres humanos julgam uns aos outros por suas ações externas, mas Deus os julga pelas suas escolhas morais;

25) Uma coisa é certa: a castidade perfeita - da mesma forma que a caridade perfeita - não poderá ser alcançada por quaisquer esforços meramente humanos. É preciso pedir a ajuda de Deus;

26) Peça perdão depois de cada erro, aprume-se e tente de novo. Muitas vezes, a primeira ajuda de Deus não vem na forma da própria virtude, mas da força para continuar tentando;

27) Os piores prazeres são os de ordem puramente espiritual, são os prazeres do poder e do ódio;

28) Alguns professores cristãos que me disseram, há muito tempo, que devo odiar as ações de uma pessoa má, mas não a pessoa má; ou , como eles diriam, odiar o pecado, mas não o pecador;

29) Algo dentro de nós, o ressentimento, o desejo de revanche, deve ser simplesmente aniquilado;

30) Sempre que nossa vida religiosa está nos fazendo pensar que somos bons - acima de tudo, que somos melhores do que os outros -, certamente estamos sendo influenciados não por Deus, mas pelo diabo;

31) Se alguém quer adquirir humildade, penso que poderia lhe dizer qual é o primeiro passo: reconhecer o próprio orgulho;

32) É por esse motivo (Fé) que as orações diárias, as leituras religiosas e a frequência aos cultos são necessárias à vida cristã, pois temos de ser continuamente lembrados daquilo em que acreditamos;

33) Só descobrimos a força do impulso maligno dentro de nós quando tentamos lutar contra ele;

34) Deus gerou Cristo, mas, o ser humano, Deus apenas o criou. Ao dizer isso, ilustrei apenas um ponto sobre Deus, a saber, que o que Deus, o Pai, gera é Deus, algo do mesmo tipo que ele mesmo;

35) "Deus é amor" não tem sentido real se Deus não contiver pelo menos duas pessoas. O amor é algo que uma pessoa sente pela outra. Se Deus fosse uma única pessoa, então, antes de o mundo ter sido feito, ele não era amor. O que as pessoas querem dizer, na verdade, e "O amor é Deus";

36) Nas suas orações e, entre as suas preces, certamente haverá um Pai-nosso. As duas primeiras palavras, Pai nosso, significam que você está, francamente, assumindo o papel de um filho de Deus, você está se vestindo de Cristo.

Enfim, o livro é uma grande obra de reflexões e conhecimentos cristãos que merece um boa leitura.