Nostradamus segundo Ettore Cheynet

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Resenha do livro "Nostradamus e o inquietante futuro", por Ettore Cheynet. Círculo do Livro, São Paulo-SP, sem data. Título original: "Nostradamus: l'inquietanti domani", Casa Editrice Meb, Turim, Itália, 1976. Tradução: Maria Thereza Cavalheiro e Yone Canônico Micalli. Capa: Orlando Maver.

 

Michel de Nostradamus (1503-1566), médico francês, tornou-se um dos mais conhecidos videntes da História. Suas previsões enigmáticas, expostas nas chamadas Centurias - dez coleções de quadras proféticas - geraram artigos, filmes e livros em quantidade e muitas interpretações díspares.

O livro de Ettore Cheynet, jornalista e ocultista francês, analisa uma quantidade dessas quadras que ele julga se adaptarem ao futuro. Ele apresenta uma quadra em francês, uma tradução e uma interpretação. Porém, à proporção em que o autor vai avançando no futuro e tentando enquadrar o texto do místico, suas interpretações vão se mostrando, a meu ver, presunçosas, expostas em poucas palavras e tirando conclusões arbitrárias.

Vejamos um exemplo:

"Juventude dirige o grande exército,/que virá se render ao inimigo,/o velho que nasceu em meio aos porcos,/a Chalon e Mascon tornará amigos."

Ettore assim interpreta:

"Contestação juvenil truncada, mas a geração dos mais velhos, nascidos em tempos de libertinagem, moderará tendências opostas."

Ora, que garantia temos da exatidão dessa interpretação? Nenhuma. E é assim pelo mundo afora.

Em tempo: Nostradamus era católico mas o intérprete insiste muito no desaparecimento da Igreja Católica que estaria previsto até o ano 2000, o que decididamente não aconteceu.

E ele ainda crê numa invasão violenta de extraterrenos.

Infelizmente, parece que muitos estudiosos da obra de Nostradamus se julgam donos da verdade e vão formulando interpretações arbitrárias como se fossem coisa provada.

 

Rio de Janeiro, 25 de julho de 2024.