A paixão de Tiradentes - Boisson e Assunção
Marc Boisson/Stefania G. Assunção - A paixão de Tiradentes, Graphar, 2012
História brasileira e ficção francesa: tudo junto e misturado neste quase best seller
A Paixão de Tiradentes é literatura de entretenimento que combina em doses mais ou menos iguais ficção e história, diferentes épocas e cidades tão distintas quanto Paris e Ouro Preto, a antiga Vila Rica de Tiradentes e dos inconfidentes. Na verdade o livro de Boisson e Assunção é um romance policial que envolve dois assassinatos cometidos em Paris e a tentativa de um terceiro crime em Ouro Preto.
Tudo por conta de uma escultura barroca, uma santa do pau oco que teria sido esculpida pelo célebre Aleijadinho, ou Antonio Francisco Lisboa (1738-1814), seu nome real. A peça estava recheada de valiosos diamantes e papeis contando a história de Tiradentes e da Inconfidência Mineira, escritos por uma judia portuguesa de nome Teresa, segunda mulher de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), pura ficção, claro.
Essa narrativa se cruza com a história de um estudante francês dos dias de hoje, que ganhou a escultura de presente da mãe, assassinada logo no início do livro. Ele quer descobrir não apenas o autor do crime, também o porquê de a escultura conter diamantes e documentos. Vem para o Brasil e vai contar com a ajuda de uma tia que, coincidentemente é historiadora, professora aposentada que vive justamente em Ouro Preto, bingo! Ah, as coincidências...
Tudo junto e misturado a história vai e volta no tempo, passeia por Paris e Vila Rica, depois Ouro Preto, e aprendemos um bocado sobre Tiradentes e o movimento dos inconfidentes, na verdade um pouco mais do que aquilo que nos ensinaram os livros didáticos e os professores do curso secundário. Os autores consultaram diversas publicações que aparecem relacionadas no final do volume. E a parte ficcional traz certo suspense, afinal este é um romance policial que consegue prender um tanto a atenção do leitor.
Evidentemente que A Paixão de Tiradentes não é alta literatura, tem várias características dos best sellers, mas curiosamente não se transformou num, nem aqui nem na França, que eu saiba. Para mim serviu, tempos atrás, como uma boa opção de leitura descompromissada enquanto eu dava uma trégua nas intermináveis páginas do complexo e complicado Ulysses, de James Joyce.