EPISTEMOLOGIA, DIDÁTICA DA MATEMÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO

RESENHA CRÍTICA

Fernando Rocha da Costa

nando.da.rocha@hotmail.com

D’AMORE Bruno. Epistemologia, Didática da Matemática e Práticas de Ensino. Bolema. Boletim de Educação Matemática. Vol. 20, n. 28, p. 179-205, 2007.

Este trabalho trata-se de uma Resenha Crítica sobre o Artigo “Epistemologia, Didática da Matemática e Práticas de Ensino” extraído do Boletim de Educação Matemática. Vol. 20, n. 28, p. 179-205, 2007. Escrito pelo Matemático e autor italiano Bruno D’Amore, Ex-professor da Universidade de Bolonha e, atualmente, professor-orientador na Universidade Distrital “Francisco José de Caldas” de Bogotá, na Colômbia. Esta Resenha Crítica foi solicitada pelo Professor Formador Francis Miller Barbosa Moreira como avaliação parcial do componente curricular Didática da Matemática I - 2021.2 do curso Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado da Bahia e da Universidade Aberta do Brasil, polo Euclides da Cunha, Bahia.

Neste Artigo, D’Amore busca através da análise de várias visões e conceitos sobre didática da matemática, unificar estas ideias e, fundamentando-se em bases históricas, demonstrar que a maioria destes termos tem uma origem em comum, para isto baseia seu artigo nos principais trabalhos do educador matemático francês, Guy Brousseau, um dos pioneiros da didática da matemática.

Entre as suas abordagens está o conceito do termo epistemologia que, segundo o autor, “é uma tentativa de identificar e de unificar concepções epistemológicas diferentes relativas a determinadas ciências, a movimentos intelectuais, a grupos de pessoas, a instituições, ou a culturas” e Concepções epistemológicas seria “um conjunto de convicções, de conhecimentos e de saberes científicos” , baseando-se nessa compreensão ele desenvolve seu trabalho sobre a didática da matemática e sobre os obstáculos epistemológicos que, geralmente, se oculta num determinado conhecimento que embora funcione para uma problemática localizada, não pode ser generalizado, pois não tem o mesmo efeito quando se trata de outros elementos que devem ser aprendidos.

O trabalho apresentado por D’Amore, principalmente por ter se baseado em estudos realizados por Guy Brousseau, que sem dúvidas é um dos grandes estudiosos do assunto, deve ser considerado como abrangente e de fundamental importância para se conhecer os principais pontos que devem ser analisados sobre a didática da matemática. De fato não se pode utilizar uma mesma didática para a abordagem de diversos componentes curriculares como no passado, é necessário se debruçar sobre as características inerentes a cada componente e mesmo nestes componentes, como é o caso da matemática, existem diversas formas para se abordar os inúmeros elementos que o compõe.

Não restam dúvidas sobre a necessidade de uma didática especifica para o ensino da matemática, pois, os diversos elementos que a formam precisam ser abordados com uma didática diferente e própria, embora se possa existir vários obstáculos epistemológicos comuns a diversos elementos existem outros que são específicos e que devem ter uma abordagem direcionada.

Este artigo desenvolvido por D’Amore permite que o professor de matemática compreenda que o ensino deve ser baseado num estudo contínuo das necessidades apresentadas pelos alunos e na importância de ajuda-los a superar as situações que os impede de construir o conhecimento, superando os obstáculos que se apresentam. Pois, não basta, para o professor, ter um conhecimento sobre o componente curricular é preciso desenvolver uma didática para ensina-los e que atendam as necessidades e as limitações do conhecimento do aluno que nem sempre acolhem as suas expectativas e que funcionam de forma diferente em cada modalidade de ensino.

O aluno deve ser compreendido como sujeito no desenvolvimento do conhecimento e que a sua participação depende da superação dos obstáculos apresentados diante das suas possibilidades e que cabe ao professor procurar meios que possam, de forma didática, fazer com que este conhecimento seja construído e que obstáculos sejam superados, infelizmente não existem fórmulas prontas e gerais para o desenvolvimento da educação em sala de aula e se faz necessário a aplicação de concepções e de condução didáticas que podem determinar a aprendizagem de um conhecimento matemático por parte do sujeito.

D’Amore faz uma abordagem sobre os estudos de Brousseau onde este pesquisa a relação entre professor e aluno, considerando o aluno como sujeito no processo de aprendizagem e não como ente passivo, ponderando que os erros cometidos pelo aluno é parte fundamental na construção do conhecimento e analisa também a relação do professor com o conhecimento. A utilização de uma didática própria para cada componente curricular colabora na construção das relações de igualdade entre os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. A ideia é que todos possam aprender matemática adequando-se não só ao conhecimento, mas, principalmente, a construção do raciocínio.

D’ Amore é muito feliz ao apresentar que o ensino da matemática exige do professor um estudo continuado e uma análise constante e o desenvolvimento de uma didática específica para cada objeto, pois “O conhecimento que um sujeito pode ter sobre um determinado saber matemático depende das circunstâncias nas quais teve a oportunidade de utilizá-lo”, e que, embora existam obstáculos específicos é possível que um conjunto de ações didáticas possa servir para um conjunto de elementos que se apresentam em determinadas situações.

O debate sobre o conteúdo apresentado é fundamental para que o estudante, enquanto membro de uma sociedade esteja num papel igualitário na construção do conhecimento, podendo questionar ou obter respostas coerentes sobre as questões abordadas. Cabe ao professor apresentar condições didáticas para que o aluno possa compreender e fazer uso do conhecimento adquirido da matemática, ou favorecer o aprendizado do aluno. O professor precisa aprender, não só o conhecimento matemático, mas como deve ensiná-lo, ensinar Matemática é reorganizar um problema possibilitando ao aluno a capacidade de resolvê-lo ao reconhecer e entender seu funcionamento.

REFERÊNCIAS

D’AMORE Bruno. Epistemologia, Didática da Matemática e Práticas de Ensino. Bolema. Boletim de Educação Matemática. Vol. 20, n. 28, p. 179-205, 2007.

SCHOLAR. Bruno D’Amore. Disponível Em: <https://scholar.google.com.br/citations?user=gXnMuqQAAAAJ&hl=pt-BR> Acesso em 07 de Setembro de 2021;

NOVA ESCOLA. Guy Brousseau. Disponível Em: https://novaescola.org.br/conteudo/2664/guy-brousseau-referencia-na-didatica-da-matematica> Acesso em 07 de Setembro de 2021;

Fernando Rocha da Costa
Enviado por Fernando Rocha da Costa em 09/04/2024
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