Os três grãos de trigo: contos infantis

 

OS TRÊS GRÃOS DE TRIGO: CONTOS INFANTIS

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro infantil “Os três grãos de trigo”, de Renato Sêneca Fleury. Edições Melhoramentos, São Paulo-SP, Biblioteca Infantil nº 73, sem data. Orientação do Professor Lourenço Filho. Ilustrações de Oswaldo Storni.

 

Embora pequeno (com as capas, 52 páginas) o livro é uma coletânea apresentando seis histórias com sabor de Malba Tahan e outros fabulistas.

A primeira história, que dá título ao opúsculo, é uma grande lição de moral sobre o herdeiro de uma grande propriedade rural que, por preguiça, deixa toda a fortuna ir embora, enquanto um pobre lavrador, que dele recebera a título de esmola apenas três grãos de trigo, utilizou sabiamente esses três grãos e a partir daí prosperou — graças ao trabalho sério — enquanto o outro se arruinava.

“O homem honesto”, história ambientada no Oriente Médio, fala de um rei que precisava de um homem honesto para ser o guardador do tesouro real. Traído por dois de seus ministros, pediu a ajuda do seu conselheiro; e a solução que ele deu, só lendo...

“História chinesa” fala do teste de um pai rico, negociante de cristais e porcelanas, que arma um teste de caráter para seus dois filhos.

“História japonesa” fala de um príncipe que condena à morte um escravo (naturalmente a trama passa-se em outra época) por ter deixado quebrar um vaso valioso. Um dos servos resolve intervir em favor do escravo. Esse conto é um tanto inverossímil.

“Zèzinho e os feixes de lenha” é uma história de sabor brasileiro, a começar pelo nome do protagonista. Apesar do tom leve e fantasioso, fala da triste realidade da pobreza no campo, com crianças sendo obrigadas a trabalhar e não por exploração de patrões, mas para ajudar pais paupérrimos. Vejam só o que o menino fazia: “tratar das galinhas, varrer o terreiro, arrancar o mato da horta, ajudar a mãe na cozinha e, por cima, ia quatro e mais vezes à mata, buscar lenha”. E sem muita opção: “Que fazer? Único filho, mãe já velha e cansada, o pai sempre a trabalhar na roça...” Há um final feliz, pois é história para crianças.

“O passarinho encantado” encerra o volume. É uma típica história do personagem invejoso da sorte de pessoas boas e simples, com o castigo final do malvado. Como em outras histórias, o autor coloca fatores mágicos.

Renato Sêneca Fleury, autor também de “O menino do bosque (78 da coleção) é autor sadio e recomendável.

 

Rio de Janeiro, 16 a 24 de março de 2024.