O Caminho das Nuvens
Filme “O Caminho das Nuvens”. Direção: Vicente Amorim. Brasil. 2003. 87 minutos, colorido.
Resenha:
O filme começa num cenário desolador das estradas nordestinas, onde Romão (Wagner Moura) um caminhoneiro desempregado, sua esposa Rose (Claudia Abreu) e seus cinco filhos, fazem um longo percurso, de bicicleta, pelo interior da Paraíba até Juazeiro do Norte - Ce, onde Romão, devoto do Padre Cícero, pretende fazer um voto com o objetivo de conseguir um emprego de mil reais mensais. Durante todo o percurso a família passa pelas mais variadas situações, onde a fome e o cansaço predominam, Romão recusa qualquer trabalho que lhe renda menos de mil reais por mês, a família vive do que a esposa e os filhos conseguem. Rose, acompanhada por um de seus filhos, canta nos bares musicas de Roberto Carlos chegando até a encontrar um trabalho fixo como redeira, do qual Romão a faz desistir, a única filha do casal arrecada pequenas somas dos ouvintes, um dos outros filhos lava carros, a exceção é para o filho mais velho, Antonio, que se recusa a trabalhar, vivendo num dilema: permanecer com a família naquela “louca” jornada ou perseguir seus próprios sonhos, de início Romão critica o menino, mais aos poucos ele vai percebendo que Antonio já esta se tornando um homem e o incentiva a assumir a sua nova fase, ou seja, a passagem da criança para a juventude, (a adolescência é um luxo das classes dominantes).
A todo o momento Romão mostra-se um homem honesto e devoto, disposto a tudo para conservar sua dignidade, no entanto, não abandona a idéia de conseguir os mil reais por mês, valor que acha ser o mínimo para manter com dignidade a sua família. O objetivo de chegar a Juazeiro do Norte - Ce é alcançado e a família divide-se entre a Fé de Romão até o extremo, a descrença de Antonio e a realidade percebida por Rose. A “frustração” dar lugar a um novo propósito seguir, de bicicleta, para o Rio de Janeiro, a “esperança” que unia a família confronta-se com a “realidade”, e enquanto Rose percebe a ilusão que vivenciavam em todo aquele trajeto, Romão continua a sonhar, agora não mais movido pela a “esperança” e sim por uma “ilusão”, Antonio fica para trás empregado numa construção, e a família encontra no Rio de Janeiro a dura realidade, decepcionante para Rose, à qual tem que se adaptar, o filme termina com a imagem do Cristo Redentor e com Romão deslumbrando uma nova jornada: “Brasília”.