Inspetor Maigret: a morte do Perna de Pau

 

INSPETOR MAIGRET: A MORTE DO PERNA-DE-PAU

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance policial “A morte do perna-de-pau”, de Georges Simenon. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro-RJ, 1981. Tradução: Aurea Weissenberg. Capa: Victor Burton. Título original: “Félicie est là”, “copyright” 1941 de Georges Simenon.

 

Quando essa história começa o Perna-de-Pau já havia morrido e o famoso Inspetor Maigret, criado pelo autor belga Georges Simenon, já está em campo. Ele acompanha a criada do falecido, a estranha Félicie, numa minuciosa reconstituição dos passos dela, inclusive passando pela loja de Mélanie Chochoi.

Para esclarecer o assassinato de Jules Lapie, o Perna-de-Pau, Maigret tem de aguentar o mau humor, as evasivas e os segredos que Félicie esconde, recusando-se a confiar no bom inspetor.

“Meu Deus! Como era irritante lidar com uma pessoa como Félicie! Sua voz aguda feria os nervos.”

Eu confesso que não consigo entender de todo os métodos de Maigret. Na vida real, duvido que funcionassem. Ele tem uma paciência de Jó com essa Félicie, a quem chega a levar a um restaurante, na esperança de obter uma informação útil.

Mas, como diz na orelha do livro — cujo título é “Um romancista irresistível” — o Comissário Maigret “mergulha de cabeça, com o coração nas mãos, nos dramas humanos dos implicados. Talvez venha daí o charme irresistível de seus textos”.

Lapie, por exemplo, o Perna-de-Pau do título, tem a sua história contada vagamente: uma história que inclui fazer uma viagem marítima por acaso e morrer a tiro depois de perder a perna durante a travessia.

Simenon é uma caso singular na história da ficção policial, com seu detetive tão humano que chega a ser desconcertante.

 

Rio de Janeiro, 21 e 22 de janeiro de 2024.