Diário de um homem supérfluo - Ivan Turguêniev
Um filho único, criado exclusivamente em casa por uma mãe extremamente diligente e um pai rico viciado em jogo e submisso.
Quando Tchulkatúrin tinha doze anos o pai morreu e ele e a mãe se viram obrigados a mudar para Moscou.
Pobre, doente e à beira da morte, Tchulkatúrin consegue a oportunidade de passar seis meses na cidade de O*****. Onde conhece e se apaixona por Liza.
Daí em diante tem um desenrolar muitíssimo interessante.
Por estar à beira da morte, há uma transparência psicológica do protagonista. Como num fluxo de consciência. Mas aqui ele é criterioso em não narrar pormenores, e só deu tempo de narrar um fato curioso e digno de nota.
Essencialmente, o conto aborda temas como o impacto dos acontecimentos da infância a longo prazo, rejeição, dificuldade em interpretar a realidade ("quem disse que só o verdadeiro é real?"), sentimento de inadequação, vazio, inutilidade e o principal: a indiferença (chame de calo, se quiser) que é gerada a partir dos desgostos da vida.
"um dia a mais, depois outro, e nada mais será amargo ou doce".
Os trinta anos vividos por Tchulkatúrin talvez tenha sido supérfluo porque ele não teve mais tempo para provar o contrário. O oposto de supérfluo é vital. A vida que ele não pôde desfrutar.
"Durante todo o curso da minha vida encontrei constantemente meu lugar
ocupado, possivelmente porque procurei meu lugar na direção errada."
"Na presença da morte, todas as últimas vaidades terrenas desaparecem."
Um livro comovente!