Resenha sobre o Livro "Felicidade Conjugal"

O livro foi escrito pelo escritor russo Lev Tolstói em 1859 e, conta a história de um romance entre uma jovem (Mária Aleksândrovna - "Macha") e um homem de mais idade (Sierguiéi Mikháilitch). No início da obra é enfatizado que a jovem morava com suas duas irmãs, Kátia e Sônia, em decorrência do falecimento dos seus pais, mas recebia constantemente visitas desse homem mais velho, que era amigo do seu pai e tinha uma propriedade rural próxima a propriedade da jovem.

O romance, inicialmente, é retratado no meio rural, local de moradia dos personagens principais (Macha e Sierguiéi), e nessa realidade o autor descreve um pouco da cultura da época, como a utilização do piano como instrumento musical e o hábito de consumo do chá, e alguns aspectos sociais, como descrito na página 43: "De uma feita, à noite, ouvi como o administrador, ao fazer seu relatório a Kátia, dizia que o mujique Siemion viera pedir umas tábuas para o caixão da filha e um rublo para as exéquias, e que ele acedera ao pedido. Muitos pobres, senhora, não têm nem com que comprar sal", retratando os mujiques como uma classe social baixa, que vivia em extrema pobreza.

Assim sendo, após constantes visitas, Sierguiéi e Macha apaixonam-se e se casam, vivendo a realidade do matrimônio. No início o casamento foi uma maravilha, com um amor apaixonante e recíproco, mas depois começou a surgir as queixas de Macha a vida pacata no meio rural, necessitando de uma vida familiar mais movimentada. Após essa ponderação, Sierguiéi e Macha foram passar uma temporada em Petersburgo, onde Macha conviveu com uma sociedade mais requintada e movimentada, especialmente pela presença de eventos culturais, como os bailes e óperas. Nessa realidade, Macha, pela sua beleza exuberante, começou a chamar a atenção do público, com maior ênfase do masculino, e trouxe um sentimento de ciúmes em Sierguiéi e desgaste no matrimônio, proporcionando um distanciamento afetivo entre o casal.

Diferentemente de outros romances de Tolstói, como Anna Karenina, Macha, em toda história, mantém-se fiel a Sierguiéi, resistindo a todas as investidas masculinas, mas o amor no matrimônio já não era mais o mesmo (felicidade conjugal). Daí para frente, o casal tem uma relação conjugal pouco amorosa, mas voltam a ter uma vida familiar mais rotineira, com o aparecimento dos filhos e o compromisso da relação matrimonial.

O romance finaliza com uma declaração de Macha: "a partir desse dia, terminou meu romance com meu marido; o sentimento antigo tornou-se uma recordação querida, algo impossível de trazer de volta, e o novo sentimento de amor aos filhos e ao pai dos meus filhos deu início a uma nova vida, de uma felicidade completamente diversa, e que ainda não acabei de viver..."

Por fim, um relato chamou a atenção no posfácio do livro, que foi uma anotação que Tolstói escreveu em seu diário, em 1852: "Decididamente, não posso escrever sem objetivo e sem esperança de utilidade". E em 1855, tratava ali do "bem que eu posso fazer com os meus livros".