A sabedoria do cuidado do Planeta Terra
A obra "Saber Cuidar: ética do humano, compaixão pela Terra" de Leonardo Boff aborda sobre o conhecimento da sociedade contemporânea contraditória de valores, mas que na relação da realidade concreta faz os seres humanos repensar seu habitat e como encarar a vida com cuidado e compaixão, com inteligência na liberdade e na criatividade. No capítulo 1, menciona sobre a falta de cuidado com o estigma do tempo tendo remédios insuficientes para curar os males e sofrimentos da humanidade, sendo que a realidade é insuficiente na visão pragmático e materialista, mas há indicações do caminho certo para uma nova ética sob uma nova ótica. No capítulo 2, relaciona o cuidado com o ethos humanos, a devida ética de modo a ser essencial e que os mitos podem ensinar um conhecimento ancestral da essência humana. No capítulo 3, relata a fábula do mito do cuidado, tendo Júpiter, Saturno e Terra, personagens principais que missificam o Cuidado em moldar a humanidade. No capítulo 4, narra o mito e a obra de Gaius Julius Hyginus, um egípcio encontrado pelo Imperador Romano Otávio Augusto que lhe deu a oportunidade de estudar na escola de Alexandrina com Alexandre Polishistor e na Biblioteca Palatina, que anos mais tarde foi o diretor da biblioteca central. Hyginus escreveu sobre "Das características dos deuses", o que o fez ficar famoso como teólogo romano, como também se tornou um grande biógrafo de pessoas ilustres de Roma. Outra grande obra de Hyginius foi "Fábulas/Genealogias". No capítulo 5, explica-se a fábula do cuidado, que diferencia um pouco do mito do cuidado, mas que ambos são exemplos de entender a dimensão divina e imanente da realidade para depois fazer dessa utopia na dimensão histórica da realidade. No capítulo 6, explica-se as dimensões do cuidado, no caso, a Terra, com sua dimensão material e terrenal da existência no teatro cósmico e o que ela significa, no caso, recuperação de raízes e identidade radical. E céu é a dimensão espiritual da existência, ou seja, da transcendência, a misteriosa realidade para alcançar, a busca do desejo nos confins da realidade última . E o cuidado é o caminho histórico-utópico da síntese da finitude humana, com o ethos, chave fundamental decifradora da humanidade. No capítulo 7,, aborda a natureza do cuidado, o significado filológico de sua palavra, que é cogitação de cura, solicitação, diligência, zelo, atenção, bom trato Daí, os modos de ser do trabalho e do cuidado. O modo do trabalho está na forma intervenção e interação do ser humano em relação a natureza. E o modo do cuidado é a relação com a natureza enquanto sujeita, realidade fontal de beleza, perplexidade e força, o que o ser humano precisa saber interpretar através dos sinais dela. A relação suscitada é de vivência, convivência e comunhão. Logo, o ser humano precisa se libertar do trabalho que o escraviza para ser dominador da natureza, o que corrói e estraga a relação com a própria natureza. O cuidado deve ser resgatado pelo ser humano como modo de ser, No capítulo 8, elenca-se as ressonâncias do cuidado que são: I) o amor como fenômeno biológico; II) a regrada de ouro da justa medida com a natureza e sua dor; III) a ternura vital; IV) a carência essencial; V) a cordialidade fundamental; VI) a convivialidade necessária; VII) a compaixão radical. No capítulo 9, aborda-se as concretizações do cuidado: o devido cuidado com o nosso único planta que vivemos e sobrevivemos, a Terra; o cuidado com o próprio nicho ecológico que o ser humano faz parte; o cuidado com a sociedade sustentável para se ter a devida consciência, atitude e relação de convivência com a natureza; a relação com o outro de modo animus (ânimo) e anima (alma); o cuidado com os pobres, oprimidos e excluídos, o que se deve inseri-los e inclui-los no sistema mundo que vivemos; o cuidado com o corpo em relação à saúde e à doença, para saber estar em harmonia consigo mesmo pela natureza, em mente sincronizada e sintonizada com corpo e espírito; o cuidado com a cura integral do ser humano, na sua maneira plena de viver em busca do equilíbrio; o cuidado com a alma em relação aos anjos (luzes) e demônios (sombras/vícios) para alcançar Deus no coração e na vida; o cuidado com a grande travessia, ou seja, a morte, para estar em paz interior consigo mesmo na relação com o próximo e com a natureza. No capítulo 10, elenca as patologias do cuidado que são a negação de cuidar, a obsessão e o descuido; E no capítulo 11, mostra os exemplos de cuidado, que são das mães e das avós, de Jesus, que foi um grande cuidador de seres humanos, de Francisco de Assis, que teve uma fraternura universal com as pessoas, de Madre Teresa de Calcutá, que foi sempre misericordiosa, de Irmão Antônio, cativador de sorrisos em rostos tristes, de Mahatma Gandhi, que fez da política um tipo de cuidado com o povo,, de Olenka e Tânia, cuidados da hospitalidade que salva, do profeta Gentileza, princípio de cultivar relacionamentos do Feng Shui, filosofia orientação chinesa do cuidado, de como organizar um jardim, uma casa, de como organizar elementos presentes no ambiente nas culturas históricas. O Tao , integrado ao Feng Shu, integra a representação da realidade inefável, que busca unir caminho e método, que se projeta na unificação do equilíbrio e da harmonia do Cosmos. E o Feng Shui se apresenta como ética ecológica e cósmica de como cuidar da correta distribuição da energia (chi) no universo inteiro, ou seja, refazer a aliança de simpatia e amor com a natureza. Na conclusão, o cuidado e o futuro da Terra são colocados como missão para o ser humano transcender, ou seja, ultrapassar as barreiras do materialismo e consumismo, mas encontrar espaço e tempo da integração plena para o infinito, aflorar a justiça da vida na Terra, como pátria e mátria de todos. O livro é lindo com uma mensagem plena de conscientizar e contemplar a responsabilidade humana sobre todos os seres no planeta. Recomendável por sua mensagem, beleza e despertar de consciência para uma atitude mais responsável, solidaria e sustentável.