O Tempo desconjuntado - Philip K. Dick
É pra se jogar, entrar na onda!
A trama não tem uma linearidade. A história se faz, desfaz e refaz. Não no sentido da narrativa, mas da perspectiva.
Dentro do desconhecido, qualquer coisa vira crença. Depois de não lembrar de nada e desconfiar de tudo, Raggle acabava acreditando em qualquer um.
O que é a realidade?
É possível se transportar para um lugar no tempo somente com o uso da memória?
Muita coisa não fez sentido, como por exemplo a barraca de refrigerante se transformar num papelzinho e só ele viu, e vida que segue. Cheguei a pensar que ele sofria de algum tipo de esquizofrenia paranoide pela incessante mania de perseguição e conspiração.
Começa com a trama mais boba que se pode imaginar, o dia a dia de uma família normal. E eu fiquei pensando assim "mas cadê a ficção científica do PKD?". E a coisa começou a mexer com a minha noção de realidade, com meu psicológico. E no fim das contas descobri que é sobre guerra civil e a necessidade inata do ser humano de buscar pelo desconhecido. Sem isso a humanidade nunca progrediria, não é sobre necessidades, escassez ou conquista, é sobre curiosidade.
E os pontos chave (aquelas peças que finalizam a imagem do quebra-cabeça, a visão ampla de tudo) que PKD solta de uma só vez nos 45' do segundo tempo me deixaram de queixo caído.
A surpresa será melhor pra quem não assistiu "O show de Truman". Leitura fluida, agradável e que com certeza mexe com a gente. Quero mais, mas não sei se tô preparada. Que bomba!