A pequena biografia de Anchieta
A PEQUENA BIOGRAFIA DE ANCHIETA
Miguel Carqueija
Resenha do livro infantil “Anchieta”, de Renato Sêneca Fleury e Vicente Lanieri Jr. Edições Melhoramentos, São Paulo-SP, 6ª edição, co-edição da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, sem data. Ilustração: Seth.
Este livrinho é comemorativo da beatificação do Padre José de Anchieta, pelo Papa João Paulo II em 22/6/1980; posteriormente o Papa Francisco efetivou a canonização em 3 de abril de 2014.
Sendo este opúsculo (70 páginas) dirigido mais ao público infantil, vem acompanhado de linguagem simples, com tipos grandes, de fácil leitura.
A vida de Anchieta (1534-1597) é admirável. Nascido nas Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha, ele veio ao Brasil em 1553, ao encontro do grande Jesuíta Padre Manuel da Nóbrega. Anchieta era muito jovem e simples irmão, ainda não se ordenara padre. Entretanto, até chegar a São Vicente o navio acabou naufragando nos estreitos e foi preciso improvisar um novo navio consertado com restos de outra embarcação que já estava por lá, despedaçada.
A Providência Divina já estava protegendo aquele homem de escol.
“Nóbrega sabia perfeitamente quem lhe vinha ao encontro. Tinha as melhores informações a respeito do jovem irmão canarino e estava seguro de suas virtudes e de sua inteligência.”
Note-se que o apostolado dos jesuítas era especialmente difícil. Lidavam com a falta de recursos, os costumes primitovos dos índios (até antropofagia) e a corrupção dos colonos lusos. Era preciso proteger os indígenas das más influências e ensinar-lhes as belezas do Catolicismo, batizá-los inclusive.
Anchieta foi tão bem sucedido que criou o teatro brasileiro, com peças teatrais ou “autos” como o de São Lourenço, para edificar os naturais e também ensiná-los atividades artísticas, e com Nóbrega, logrou pacificar a chamada Confederação dos Tamoios. Em 1554 os jesuítas inauguraram o Colégio de São Paulo, núcleo da futura capital regional.
Quanto a Anchieta, conta a biografia: “Ele próprio, com letra firme e muita paciência, enchia cadernos e cadernos em português, espanhol, latim e tupi, para servirem aos catecúmenos de livros que não tinham. Ele próprio compunha as lições que os alunos deviam estudar, os hinos que cantavam em louvor a Deus, as músicas que tanto apreciavam e os atraíam”.
Em 9 de junho de 1597, já alquebrado, Anchieta faleceu em Iriritiba, que hoje tem o seu nome e fica próxima de Vitória.
São José de Anchieta, rogai por nós.
Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2023.