A um Deus desconhecido - John Steinbeck
Vou começar essa resenha com uma frase de Clarissa Pinkola Estés:
"A morte está sempre no processo de incubar uma vida nova, mesmo quando nossa existência foi retaliada em ossos."
Em "A um Deus desconhecido" Steinbeck fala nas entrelinhas, como sempre. Mas aqui ele faz um mix religioso em que não importa que nome se dá à religião, o deus é um só e ele é inegável infalível, implacável.
É um livro sobre deixar pra trás, desapegar, aceitar o momento de deixar a coisa morrer, se abrir pro novo.
Aceitar que ama, aceitar que odeia, aceitar que matou, aceitar que já não é mais criança, aceitar a morte. Aceitação!
Quanto sacrifício a gente faz para permanecer numa situação, numa vida, numa forma?
O ritmo da natureza, assim como o equilíbrio advindo do constante movimento da bicicleta, é a vida - morte - vida.
"[...] e cada pessoa se tornava parte do corpo dançante, e a alma desse corpo era o ritmo."
"[...] tudo quanto morre."
"[...] eu sou a terra, a erva brotará de mim dentro em pouco."
"[...] a sua natureza era a natureza da terra."
Steinbeck mostra protestantes, católicos, hindus, druidas, índios, e como coabitam.
Um livro incrível como toda obra de John Steinbeck, o cara das emoções, dos trejeitos, dos significados ocultos, da profundidade, da linhagem e ancestralidade.