"A montanha mágica" da escalada mais difícil e cansativa
Além de ser um livro aclamado, "A montanha mágica", de Thomas Mann, me foi muito bem indicado por alguém que admiro muito, que compartilhou um pouco de como foi intimamente impactado pela leitura, e que ainda me alertou para persistir dizendo: começa a fazer sentido lá pela metade (a edição que peguei tinha 800 páginas).
Tudo isso me deixou muito curioso, e sem esses estímulos provavelmente eu o teria abandonado. Me esforcei para chegar até o fim, esperando até a última página para concluir se a leitura tinha valido a pena. Mas infelizmente não posso dizer isso com toda a sinceridade.
O decorrer da história tem muitas partes interessantes e suas primeiras páginas me conquistaram com as palavras sobre a morte. O personagem principal passa por algumas situações que realmente prendem a atenção, mas que se tornam episódios isolados em meio a uma história arrastada, prolixa, e com momentos que parecem não ter ligação com o resto e nem dizem a que vieram.
O início de sua estadia no sanatório também me instigou - tem algo esquisito (misterioso) nesse lugar ou é só impressão minha? Compartilhamos da estranheza que Hans Castorp sente conforme conhece o local e seus hábitos. No fim, não tinha nada de mais, e nem considero isso um spoiler pois a minha expectativa é que foi mais alta do que a montanha. Os pacientes apenas se entregam psicologicamente a uma rotina peculiar, na qual se veem como um grupo à parte (nós, da montanha, e os outros, da planície), ficando totalmente absorvidos por ela, com uma noção de tempo própria na programação cíclica do sanatório. Assim, é como se o lugar fosse um mundo paralelo, mas apenas na percepção de seus "habitantes". Esse fenômeno, mais o isolamento e a visão sobre saúde e doença, foram os ingredientes mais marcantes da obra. Porém, sua "magia" se enfraquece (ou se dilui) no meio de páginas e mais páginas de diálogos ou descrições demoradas que eu apenas queria que acabassem rapidamente, para passar logo ao próximo capítulo.
No geral essa obra acabou não sendo envolvente - passando da metade, quanto mais eu lia, mais cansado ficava, perdendo as esperanças de me deparar com algo surpreendente ou que justificasse toda a densidade de seu conteúdo. Não era o momento para mim, ou eu realmente não soube desfrutar dessa viagem como Hans Castorp aprendeu.