Einstein e o Universo

 

EINSTEIN E O UNIVERSO

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro “O universo e o Doutor Einstein”, de Lincoln Barnett. Edições Melhoramentos, São Paulo-SP, 5ª edição, 1964. Tradução: José Reis. Ilustrações: Anthony Sodaro. Título original norte-americano: “The universe and Dr. Einstein”. Série “O Homem e o Universo”. Prefácio de Albert Einstein.

 

Eu lia muito, na minha adolescência, os livros da série “O Homem e o Universo”, como “Animais da América do Sul”, de Victor von Hagen e “Botânica divertida”, de Anísio Godinho. “O universo e o Dr. Einstein” sei que li várias vezes e reli agora. É uma obra densa e fascinante.

Sobre a série a editora colocava este comentário:

“Uma verdadeira enciclopédia dos mais palpitantes assuntos científicos da atualidade, expostos em forma de narração acessível a todos e em estilo agradável, de grande utilidade à formação de uma cultura sólida e avançada.”

O autor Lincoln Barnett expõe com brilhantismo o pensamento de Albert Einstein e de quebra o de Max Planck, autor da célebre Teoria dos Quanta. Planck é autor da equação E=hv, sendo “h” a famosa constante de Planck: “Em qualquer processo de radiação, a quantidade de energia emitida dividida pela frequência é sempre igual a “h”.

Os cálculos de Planck indicam que a radiação eletromagnética não se faz através de fluxo contínuo mas descontínuo, os chamados “quanta” de energia. Antes, em 1876, a experiência Michelson-Morley provou sobejamente que o chamado éter não existia. Foi um espanto, pois se acreditava que ondas — no caso, eletromagnéticas — teriam de contar com um meio onde se propagassem. A Ciência tem as suas superstições e uma das mais renitentes foi a do éter, substância misteriosa que se supunha espalhada por todo o espaço e que seria o suporte da luz e de todas as ondulações do espectro eletromagnético.

Com o tempo configurou-se a dualidade da radiação: feita de partículas (fótons) ou de ondas.

Seguindo-se à Teoria dos Quanta veio a Teoria da Relatividade (Especial e Geral) que trouxe novas luzes para a Física e a Cosmologia. A curvatura da luz e de todo o universo, por exemplo, bem como o efeito relativístico da velocidade: com as maiores velocidades o tempo se alonga e os objetos se encurtam. Os relógios atrasam. A massa aumenta com a velocidade e se um objeto — como uma nave espacial — atingisse a velocidade da luz (299.744 quilômetros por segundo), sua massa seria infinita — portanto um corpo material não pode atingir essa velocidade, muito menos ultrapassá-la.

O tempo é a quarta dimensão; o universo é um contínuo quadridimensional espaço-tempo; assim, não faz mais sentido falar em três dimensões. Mais ainda: o tempo e o espaço não existem objetivamente, mas apenas como arcabouços dos eventos, da matéria e da energia que formam o universo.

Para Einstein, o universo é finito ainda que sem limites. O grande pensador aceitou a hipótese da expansão do universo conforme proposto pelo Padre Georges Lemaitre. Tanto Einstein como Planck eram homens religiosos.

Esse livro é fascinante e escrito em estilo saboroso, que dá gosto ler.

 

Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2023.