Resenha sobre o Livro "A Vida Intelectual"
O livro "a vida intelectual" foi escrito pelo filósofo e teólogo francês Antonin-Gilbert (A.D.) Sertillanges em 1920. Esse livro é uma recomendação de leitura do Prof. Olavo de Carvalho, que ressaltava os escritos de Sertillanges como um manual a ser seguido e executado para uma vida intelectual produtiva, destacando-se que ele escreveu o prefácio na edição brasileira. Nesse sentido, o livro retrata metodologias e questões do dia a dia que podem afetar de forma positiva ou negativa uma trajetória dedicada a produção de conhecimentos, a partir de frases filosóficas e ensinamentos práticos que vão potencializar essa trajetória.
Para exemplificar essa dinâmica na escrita do livro é importante destacar algumas dessas frases:
1) Quem não encontra tempo para fazer exercícios, terá que encontrar tempo para ficar doente.
2) Seja você mesmo o seu próprio guia; obedeça às suas convicções, não a rituais.
3) O sacerdote tem direito a viver do altar, e o homem de estudos, de sua obra; mas não se reza a missa por dinheiro e não se deve, por dinheiro, pensar e produzir.
4) Não te preocupes nunca com as ações dos outros. Mostra-te amável com todos, mas não sejas familiar demais com ninguém, pois o excesso de familiaridade engendra o desprezo e dá ocasião para afastar-se do estudo.
5) Os grandes pensamentos só lhe vinham longe do barulho e das preocupações fúteis.
6) É comum dizerem que a solidão é mãe das obras.
7) Os monges têm o costume, tão antigo quanto a piedade, de colocar, ao final do seu dia, como uma semente, nos sulcos da noite, seu ponto de meditação.
8) Um Pai nosso, a fim de pedir junto com o pão o alimento da inteligência; uma Ave Maria, dirigida à Mulher vestida de Sol, vitoriosa contra o erro e contra o mal.
9) Um espírito exaltado pelo espetáculo da natureza, distendido por ele como um arco-íris, torna-se capaz de absorver sem cansaço, com alegria, conhecimentos que esgotariam o triste estudioso de uma só ciência.
10) Saiba aquilo que decidiu saber; lance apenas um olhar para o resto. Não seja desertor de si mesmo, por ter querido substituir a todos.
11) O grande inimigo do saber é nossa indolência; é essa preguiça original que detesta o esforço, que gosta de envolver-se caprichosamente nisto ou naquilo, e logo retorna a um automatismo negligente, considerando um movimento vigoroso e contínuo um verdadeiro martírio.
12) Mas uma outra coisa é ainda mais importante: submeter-se não só a disciplina do trabalho, mas também à disciplina da verdade, condição indispensável para relacionar-se intimamente com ela.
13) Assim como toda ação, a intelecção sai de Deus e retorna a Deus através de nós.
14) Na Primeira Epístola aos Coríntios (cap. 14). São Tomás de Aquino faz a seguinte reflexão sobre essa frase: "Ninguém, por mais sábio que seja, deve rejeitar a doutrina do outro, por pequeno que este seja", o que se relaciona a outro conselho paulino: "Cada um, por humildade, considere os outros superiores a si",
15) Que a leitura e o estudo sejam espírito e vida.
16) O que Deus propõe, só Deus pode responder.
17) Ora, a leitura é o meio universal de aprender, e é a preparação imediata ou distante de toda produção.
18) A primeira regra é esta: leia pouco. A leitura desordenada entorpece o espírito, não o alimenta; torna-o pouco a pouco incapaz de reflexão e de concentração, e por conseguinte de produção.
19) Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus.
20) Quem tropeça sem cair, dá um passo maior.
21) Santo Agostinho dissera antes dele: "Um homem está para o ensinamento como o agricultor está para a árvore.
22) Não vivemos da nossa memória; servimo-nos dela para viver. Grave somente aquilo que pode ajudá-lo a conceber ou a executar, que pode ser assimilado em sua alma, corresponder a seus objetivos, verificar sua inspiração e alicerçar sua obra. Quanto ao resto, entregue-o ao esquecimento.
23) No caso de um livro, não o abandone sem que possa resumi-lo, apreciá-lo.
24) Escrever ser caráter é declará-lo vago e pueril.
25) Não importa o que podemos ganhar com a ciência, mas o que podemos lhe dar.
26) "Para mim, viver é Cristo", disse São Paulo: eis uma vocação e uma certeza de ação vitoriosa. Só é um verdadeiro intelectual quem pode dizer: "Para mim, viver é a verdade".
27) Um estimulante mais inocente é a caminhada, seja ao ar livre, seja no próprio escritório. Muitos trabalhadores engrenam seu cérebro através do exercício muscular. "Também meu pé é escritor", dizia Nietzsche.
28) Porém é bom sublinhar com energia a necessidade de aperfeiçoar e o dever de concluir tudo que se julgou útil empreender.
29) A sabedoria exige que se considere a obrigação de concluir quando se delibera sobre a oportunidade de começar. Não terminar uma obra é destruí-la.
30) Já citamos esta frase de um rabino: "Quando um balde está cheio de nozes, ainda podemos pôr nele várias medidas de azeite".
31) São Tomás explica que o verdadeiro repouso da alma é a alegria, a ação deleitável.
32) Qual o meio de resistir aos inimigos do esforço e às invejas do sucesso? Trabalhar. O trabalho é o remédio. Acrescente-lhe o silêncio, seu companheiro, e a oração, sua inspiradora.
33) "A todas as críticas só tenho uma resposta a dar", disse Emerson: "voltar ao trabalho". Dizem também que São Tomás, quando era atacado, o que acontecia com muito mais frequência do que seu triunfo póstumo faz supor, esforçava-se por fortalecer sua posição, precisar e esclarecer sua doutrina, e depois calava-se.
34) Deveríamos estar alegres mesmo nas aflições e nas contradições, a exemplo do Apóstolo: "Estou inundado de alegria no meio das tribulações". A tristeza e a dúvida matam a inspiração.
35) "Os fracos pensam no passado", escreveu Maria Bashkirtseff, "os fortes vingam-se dele".
- Alguns conselhos de São Tomás de Aquino:
1) Mostra-te amável com todos.
2) Não te preocupes com as ações dos outros.
3) Não te envolvas de maneira alguma com as palavras e ações dos leigos.
De forma geral, o livro é fascinante com uma escrita de fácil compreensão, sendo indispensável a sua leitura.