O épico "Kenobi", da franquia "Star Wars"

 

O ÉPICO “KENOBI”, DA FRANQUIA “STAR WARS”

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance de ficção científica “Star Wars/Kenobi”, de John Jackson Miller. Editora Aleph, São Paulo-SP, 2015. Lucasfilm LTB, 2013. Tradução: Fábio Fernandes. Capa: Christian McGrath.

 

Eu não conhecia este autor e confesso, agradou-me muito. Com perto de 500 páginas, “Star Wars/Kenobi” ou simplesmente “Kenobi” é um romance à altura da série cinematográfica de George Lucas.

“Kenobi”, como o título indica, focaliza a notável figura de Obi-Wan Kenobi, o “jedi” (pronuncia-se jedai) que foi o mentor de Anakin Skywalker e que, quando a situação mudou e Palpatine destruiu a República e criou o Império, teve de fugir e se esconder como fez o Mestre Yoda além dos demais jedis sobreviventes. Obi-Wan leva o bebê Lucky Skywalker e o entrega a um casal em Totooine, o mesmo planeta periférico ao Império onde se desenrola a história do filme “A ameaça fantasma”, aliás a pátria de Anakin.

Kenobi vai morar numa cabana, usa um manto e capuz e oculta o seu sabre de luz. Não pode revelar que é um jedi. Porém, parece ter o dom de atrair encrencas: em diversas ocasiões precisa usar o sabre ou o poder de provocar a levitação. Além disso envolve-se sentimentalmente com Annileen Calwell, uma mulher corajosa e viúva que cria dois adolescentes difíceis, a garota Kallie e o rapaz Jabe, que trabalham com ela no armazém que Annileen administra no Lote.

Os colonos humanos são frequentemente atacados pelo povo do deserto, os Tusken, os mesmos nômades que mataram a mãe de Anakin. São os peles-vermelhas de Tatooine. Certo Orrin Gault, fazendeiro e empreendedor e que fôra muito ligado ao marido de Annileen, é um líder que desenvolveu um sistema de defesa baseado num chamado geral, havendo também o truque de uma gravação que simulava o rugido de um “dragão krayt”, para assustar os Tusken. Não preciso dizer que, perto do fim do livro, vão escutar o rugido, pensar que é a simulação e aí o dragão em pessoa aparece mesmo.

Os personagens são muitos mas tão bem delineados que a gente não os perde de vista. O fazendeiro Wyle Ulbrech, por exemplo, é um velho rabugento e teimoso, que não quer contribuir no esforço geral para defender as fazendas, preferindo manter seus próprios seguranças. Tem os filhos barra-pesada de Orrin, Mulleen e Veeka; a bizarra A’Yark, a líder Tusken, que acaba mostrando ser muito humana, pois dos dois lados havia coisas erradas. Ela é conhecida (e odiada) pelos fazendeiros como “Olho de Rolha”, mas Kenobi consegue negociar com ela. E temos Leele Pace, apresentada como uma artesã da raça Zeltran. O vilão Jabba é muito citado, mas somente alguns de seus asseclas aparecem, cobrando as dívidas de Orrin.

Kenobi acaba ganhando fama de maluco, pois em suas “meditações” dirigia-se ao espírito de Qui-Gon, seu mentor, e foi flagrado por Kallie aparentemente falando sozinho.

A trama é divertida, detalhada, emocionante, bem narrada e bem estruturada, onde não ficam pontas soltas e termina deixando um sabor de “quero mais” e a vontade de saber o que sucede posteriormente com Annileen Calwell, uma personagem fascinante.

 

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2023.