A história do menino alado

 

A HISTÓRIA DO MENINO ALADO

Miguel Carqueija

 

Resenha da novela infanto-juvenil “Menino da Asas”, de Homero Homem. Editora Ática, São Paulo-SP, 1979, Série Vaga-lume, 13ª edição. Prêmio Nacional de Literatura do MEC-INL, 1975. Capa e ilustrações: Jayme Leão.

 

A Série Vaga-lume é muito simpática, com obras infanto-juvenis de diversos autores nacionais, como Maria José Dupré, autora de “Éramos seis” e “A ilha perdida”.

Entretanto, “Menino de Asas”, embora penetre na questão importante da discriminação contra quem é diferente, apresenta diversos problemas em sua concepção.

Numa casa de campo nasce um menino que em vez de braços e mãos, tinha asas. Simplesmente. Era filho único e, ao que parece, ninguém mais assistiu o nascimento. Aos sete anos foi rejeitado na escola e depois, aos 14, parte sozinho, asas disfarçadas (?) para o Rio de Janeiro, tentar a vida.

A história em si é muito mal explicada. Por exemplo, só porque o menino tinha asas recebeu o nome “Menino de Asas”. É pueril. Depois, larga os pais e, adolescente, vai para uma cidade como o Rio de Janeiro, onde é claro sofrerá perseguição e incompreensão por ser diferente — como o patinho feio, o elefante Dumbo e o Pinóquio.

Há até exagero na perseguição, com a imprensa atiçando, chamando-o “monstro de asas”.

A história caminho porém para um final feliz, ainda que forçado.

Pode ser lido pelo público mirim, mas não creio que desperte muito entusiasmo.

Rio de Janeiro, 20 de julho de 2023.