D. Paula (Várias Histórias) - de Machado de Assis.
A aventura amorosa de Venancinha, sua sobrinha, esposa de Conrado, traz à memória de D. Paula reminiscência de suas aventuras amorosas com Vasco Maria Portela, antigo diplomata e barão, o pai do pretendente de Venancinha, tambêm este Vasco.
Conrado, ciente da relação entre sua esposa e Vasco, relação que não se consumou em ato ilícito, na certeza de que eles se gostavam, enciumado, tratou, certo dia, com rispidez, secura, sua esposa. D. Paula deparou-se com sua sobrinha aos prantos, pediu-lhe confidências; ela falou-lhe da altercação com o marido, temendo separação, o que a chateava, a entristecia. Não lhe era do desejo o fim do matrimônio. A tia, então, comprometeu-se a ajudá-la, e propôs irem ambas à sua chácara na Tijuca, lá se manterem durante alguns dias, enquanto Conrado permaneceria em sua residência. Acreditava que a distância entre o marido enciumado e a esposa dele, resfriar-lhe-ia os ânimos, e amainar-lhe-ia o coração, endurecido pelo ciúmes. E foi o que se deu. Mas este não é o centro da trama, tampouco a paixão de Vasco, o filho, por Venancinha, e a correspondência dela, em um primeiro momento, ao amor que ele lhe tinha e que se acabou antes que ela se envolvesse numa aventura que lhe transtornasse o espírito. Compreensível: não são Venancinha e Vasco os protagonistas do conto, cujo título não conta com os nomes deles. É D. Paula a protagonista. E é a recordação da aventura sua com Vasco Maria Portela, o pai do Vasco que se enamorara de Venancinha, inspirada pelo caso amoroso de Venancinha e Vasco, o tema desta história machadiana. As recordações de D. Paula a ela chegam em vagalhões, que a desnorteiam: sua mocidade repleta de energia, de volubilidade, que lhe pertencia a ela, D. Paula, agora viúva respeitável, nobre, senhora de autoridade.