Uma guerra contra o Brasil
“Uma guerra contra o Brasil – como a Lava Jato agrediu a soberania nacional, enfraqueceu a indústria pesada brasileira e tentou destruir o Grupo Odebrecht” é o título e longo subtítulo de livro de autoria de Emílio Odebrecht (Topbooks Editora, 2023), que acaba de ser lançado. À época do início da Operação Lava Jato, em 2014, o autor era presidente do Conselho de Administração da Odebrecht, um grupo de empresas atuante principalmente na área de construção pesada, no Brasil, América Latina e África.
A Lava Jato, comandada por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, ordenou então a prisão de vários executivos da Odebrecht, incluindo os filhos de Emílio, acusados de atos de corrupção na condução das empresas do grupo. De acordo com o autor, transações financeiras normais do cotidiano das empresas foram consideradas como propinas e outros ilícitos, apesar dos detidos negarem as acusações.
O que Emílio relata então, com a prisão e pressão sobre os detidos para que cooperassem em delações premiadas, remete ao suplício narrado por Frédéric Pierucci, francês executivo da Alston autor do livro “A arapuca estadunidense – uma Lava Jato mundial” (Kotter Editorial, 2021): a tortura psicológica e até física para os detidos confessarem crimes que não cometeram, permitindo que promotores e juiz aprisionassem outros executivos e estrangulassem suas empresas com pesadas multas e sanções de todo tipo. Pierucci era então um executivo de segundo escalão, foi preso nos EUA para que os diretores principais da Alston, reféns mantidos livres mas chantageados, sob ameaça de prisão e penalidades ainda piores, pudessem negociar a venda da empresa francesa para a concorrente estadunidense, a General Electric. O que de fato aconteceu.
Emílio, diretor principal do Grupo Odebrecht, não foi preso, mas seus filhos foram. O pai teve então de cuidar das empresas e famílias acéfalas, enquanto negociava com os lavajatistas o destino dos encarcerados e das empresas. O relato do autor revela como a operação visava destruir a Odebrecht, e outras empresas da área de construção pesada, bem como da área de petróleo, como a Petrobras, e de alimentos. O objetivo da operação não era combater a corrupção, mas era impor pesadas multas e tornar inoperantes, senão eliminar, empresas brasileiras que estavam concorrendo com similares estadunidenses, principalmente na América Latina e África.
Resumindo, a Lava Jato subverteu a noção de justiça e de ética no Brasil, graças ao vergonhoso apoio da grande imprensa, que promovia espetáculos midiáticos ao vivo das prisões, buscas e conduções coercitivas ilegais, para manipular a opinião pública. Os alvos da operação eram previamente demonizados e midiaticamente linchados. Instâncias jurídicas superiores foram emparedadas, tornaram-se incapazes de contrapor-se aos descalabros da ignominiosa operação.
Emílio encerra o livro enumerando todas as provas de que a Lava Jato foi uma operação organizada e patrocinada nos EUA, visando impedir a eleição de Lula e quebrar o país que era então a sétima economia do mundo, e que sonhava tornar-se soberano, livre da tutela e do jugo do Tio Sam. O autor reproduz fidedignos cálculos do Dieese ─ Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ─ que apontam as consequências da Lava Jato: 4,4 milhões e empregos a menos no Brasil; perda de 3,6% do PIB nacional; redução de R$67,7 bilhões em arrecadações do governo; redução da massa salarial do país em R$85,8 bilhões. Isso sem contar as inúmeras perdas de contratos internacionais das empresas prejudicadas. E, ademais, a criminosa operação escancarou a “caixa de Pandora”, que iniciou o ciclo de descrédito na justiça, na política, na mídia, de ódio ideológico, de negacionismo e cegueira moral, ética e religiosa em que o país ainda se encontra submerso.
Os dois livros suscitam um terceiro título: “A arapuca estadunidense declarou guerra contra o Brasil”. Ela venceu a primeira batalha, mas já vem sofrendo reveses. Quem sairá vitorioso ao final, ainda veremos. Mas é preciso que todos os brasileiros conheçam o que revelam os dois livros, e unam-se para frustrar o plano de perpetuar nosso país como colônia dilapidada, exportadora de matérias primas com preços aviltados. O eterno “país do futuro”, mas sempre o país da injustiça e da pobreza.