Colossus: o domínio da máquina
COLOSSUS: O DOMÍNIO DA MÁQUINA
Miguel Carqueija
Resenha do romance de ficção científica “Colossus”, de D.F. Jones. Editorial Bruguera, Rio de Janeiro-RJ, Ficção Científica 12, sem data. “Copyright” 1966 do autor. Tradução de Cesar Tozzi.
Este chegou a ser filmado, numa adaptação bem razoável. A trama é uma distopia sufocante e progressiva. Num futuro próximo o governo dos Estados Unidos constrói no segredo um computador central super-avançado, Colossus, criado para garantir a segurança nacional, centralizando o domínio sobre os mísseis atômicos. Quando porém Colossus é oficialmente ligado, ele percebe imediatamente que existe um sistema semelhante na União Soviética, o Guardião.
O personagem principal, Forbin, é o cientista responsável pela direção do projeto. Ele é o primeiro a perceber – e temer – que Colossus está saindo de controle. Protegido em região montanhosa à prova de terremotos, Colossus assume o controle dos acessos de modo que ninguém pode desligá-lo. Tendo se unido com o Guardião, o resultado dessa fusão é que o mundo acaba sendo subjugado pela máquina. E chega a condenar pessoas à morte e lançar mísseis.
Uma coisa que me incomoda, e é mania de alguns escritores de ficção científica, é que os figurões não têm nome. O Presidente dos Estados Unidos é apenas o Presidente; o da Rússia é o Presidente do Conselho. Outros figurões também são nomeados apenas pelos cargos. Isso é irritante e pouco natural.
Outra coisa a questionar: um computador, para ter realmente inteligência e vontade própria, teria que ter alma — e alma só Deus pode criar. Mas o romance não entra nesse mérito.
Curiosamente, o discurso de Colossus tem uma certa coerência e o computador até se apresenta como uma espécie de salvador, que vai dar ordem à humanidade e até ser amado por ela — o que não seria impossível, nas circunstâncias imaginadas.
O livro tem duas sequências, que talvez não tenham sido traduzidas em português.
Rio de Janeiro, 12 de maio de 2023.