AMOR DE PERDIÇÃO
"Teresa ia escrever uma palavra, quando a pena lhe caiu da mão, e uma convulsão lhe vibrou todo o corpo por largo espaço. Não escreveu a palavra! Mas a ideia da forca parou-lhe a vida. A freira entrou na cela a pedir-lhe a carta, porque o correio ia a partir. - Teresa, indicando-lhe, disse:
- Leia, se quiser, e feche-a, por caridade, que eu não posso.
Nos três dias seguintes Teresa não saiu do leito. A cada hora as religiosas assistentes esperavam que ela fechasse os olhos.
- Custa muito morrer! - dizia algumas vezes a enferma.
Não faltavam piedosos discursos a divertirem-lhe o espírito do mundo.
Teresa ouvia-os, e dizia com ânsia:
- Mas a esperança do céu, sem ele!... Que é o céu, meu Deus?"
(CASTELO BRANCO, Camilo. AMOR DE PERDIÇÃO, Ciranda Cultural, São Paulo, 2008, p. 83.)
A estória recorrente em séculos, em que a família patriarcal, tenta influenciar ao casamento dos filhos; a ponto de escolher o cônjuge - a fim de que a filha se cassasse. O protagonista "Simão" então assassina "Baltasar" - primo de Teresinha de Albuquerque. Em "Baltasar" o pai (de Tesera) dispensaria aliança, em detrimento ao juvenil e pretenso amor do filho do corregedor. Em literatura portuguesa rebuscada; esse livro escrito há (quase) século e meio, por Camilo Castelo Branco, enfadonho ao início, passa a despertar o interesse de leitores (as), aos capítulos que se sucedem. O verdadeiro "AMOR DE PERDIÇÃO" de Simão está em Teresa, ou Mariana? Pra desvendar... Só apreciando romance!