Benítez: a outra humanidade

 

BENÍTEZ: A OUTRA HUMANIDADE

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro “Existiu outra humanidade”, de J.J. Benítez. Editora Record, selo Nova Era, 3ª edição, 1997. Título original espanhol: “Existió otra humanidad”, “copyright” 1975 de J.J. Benítez. Tradução: Ricardo Anibal Rosenbursch.

Ensaio sobre exobiologia, apresenta as pesquisas e teorias de Javier Cabrera Darguea, pesquisador peruano que realizou intensas investigações sobre pedras lisas e repletas de desenhos que conteriam a história do planeta há muitos milhões de anos, muito antes portanto da humanidade “oficialmente reconhecida”. As conclusões chegadas por Benítez e Cabrera são espantosas, estarrecedoras, na suposição de estarem corretas. Porém podem haver, como de fato ocorre, opiniões diferentes. Mas tentarei apresentar a teoria tal como a sustenta o autor do livro, abstendo-me de julgar.

Benítez fala mesmo de uma biblioteca litográfica pré-histórica, tendo sido reunidas séries de pedras ou seixos que falam em medicina, astronomia, astronáutica, zoologia (com figuras de animais pré-históricos, inclusive dinossauros), geografia (com antigos continentes) e até predições. É verdade que existem cientistas que defendem a ocorrência de fraude ou erro de interpretação, pois as pedras estariam sendo entalhadas por pessoas na época vivas, na região de Ica.

Certo sábio russo, conforme o relato, esteve no local:

 

“Em certa ocasião o acadêmico Suppov visitou o Peru. E esteve em Ica, pois tinha muita vontade de conhecer as pedras gravadas. Foi então que confessou que o seu conterrâneo Grevooski defendia também a idéia de que tinham existido outras Humanidades no passado remoto da Terra...

Pois bem, Supovv proferira algumas palestras no Peru — assim como em outras partes do mundo — detalhando como antropólogos hindus tinham fornecido informação aos colegas russos sobre a existência de ossos humanos inseridos em rochas mesozoicas. Rochas que têm mais de 65 milhões de anos!”

 

Implicações assombrosas.

Javier Cabrera não chega a revelar tudo o que sabia, como o autor dá a estudar. Aliás, só teriam achado pequena parte das pedras gravadas. Essa maneira de documentar parece tosca, mas é justificada com o argumento de que somente as rochas poderiam resistir eras geológicas.

Javier Cabrera julga ter encontrado o cometa Kohoutek num dos “gliptolitos”, onde estava inclusive identificada a sua passagem em 24 de dezembro de 1973, o que implicaria uma previsão a distância de 100 milhões de anos (sic).

Ora bem. Antes que pensem que eu acreditei nas afirmações inusitadas desse livro — onde o autor praticamente repete as teorias de Cabrera — quero assinalar um equívoco encontrado na página 18:

“Numa das mais fascinantes pedras do acervo de Javier Cabrera Darguea, obtida por ele em 1970, esses seres, que povoaram o planeta muito tempo antes de nós, já haviam gravado as treze constelações hoje conhecidas pelo homem.”

Acontece que as constelações (grupos aparentes de estrelas ou divisões da abóbada celeste) não são 13, mas 88.

A obra realmente é perturbadora e ricamente ilustrada, inclusive com retratos das pedras.

 

Rio de Janeiro, 24 a 28 de abril de 2023.