Ecstacy – a escolha é sua

"O efeito veio aos poucos. Primeiramente sentiu-se mais feliz e começou a pular como os outro. Aos poucos foi sendo dominado e perdendo a noção de tempo e espaço. Ele sentia-se leve, feliz, pulava conforme as batidas, e logo percebeu que elas o mantinham em pé. Quando o ritmo da música diminuía, às vezes se desequilibrava sozinho e quase caía, Roger não queria mais saber de nada, queria que a noite durasse para sempre, que o efeito nunca passasse. Esqueceu de tudo e todos. Suas pupilas se dilataram e aqueles efeitos fluorescentes ganharam mais vida. Roger sentia-se como um deles, e podia entender, mesmo que subconscientemente o porquê de tantos viciados ". Página 32

O livro Ecstacy – a escolha é sua (Novo Século, 176 páginas, R$ 25,00), do carioca Raphael Michael aborda um assunto que anda em destaque nos noticiários e nos jornais de todo o Brasil, as raves e o uso abusivo de drogas sintéticas, como o ecstasy, em meio as essas festas.

As chamadas "raves" são festas que acontece em locais afastados dos centros urbanos, em sítios e em galpões, com muita música eletrônica. O conceito surgiu na década de 1980, juntamente com o advento da música eletrônica. É um evento de longa duração, normalmente acima de 12 horas, onde DJs e artistas plásticos, visuais e performáticos apresentam seus trabalhos, interagindo, dessa forma, com o público. Um ambiente de alegria que foi deturpado pelo o uso do álcool e das drogas, as baladas não estão mais livres e agora sofrem com os reveses das drogas.

O Ecstasy, ou MDMA, eleva a temperatura do corpo a 39º C. Pode causar alucinações e overdose. A bebida alcoólica potencializa quase dez vezes a sua atuação. No dia seguinte o usuário costuma sofrer de uma forte depressão, já que o MDMA estimula três hormônios de nosso corpo: a serotonina (humor), dopamina (disposição) e oxitocina (sexualidade, por isso que a droga é chamada “droga do amor”)

O autor, filho da escritora e ex-editora Dhyana, constrói uma narrativa bem contemporanea, baseada em acontecimentos reais, que fizeram parte do seu dia-a-dia. Morador de Niterói, local das últimas prisões de jovens da classe média acusados de tráfico de ecstacy, Raphael encontra-se em meio aos colegas "mocinhos" e amigos "bandidos", ou vice-versa.

A história narra a investigação que o policial Roger, um homem cético em relações às drogas, faz após a morte de sua irmâ, levando-o a conhecer as raves e o ambiente explosivo dancing. Logo, sua vida começa a mudar, passa as noites e levado, em passos lentos, a um caminho onde o mundo se confunde com a ficção, e a realidade é mero devaneio dos sonhos. Roger se ver tão envolvido com as drogas que sua vida familiar se transforma, modificando todo seu cotidiano.

Raphael Michael, traça um panorama das festas, e usando sua própria experiência – o autor experimentou a droga quando tinha 19 anos, mas resolveu largar a droga quando seus amigos foram presos, cria uma história que a realidade é dura e entorpecente, que na alegria das festas joven de hoje podemos encontrar facilmente o êxtase das drogas. Assim,o autor usa um assunto que está em voga, e insere, sem moralismos e sem ser tendencioso, a batalha dos jovens e a polícia. Em uma linguagem simples, traz uma amostra de como uma vida se perde perante as drogas e de como jovens da classe média vêem no tráfico de drogas um meio de conseguir status e dinheiro fácil.