Resenha do livro Minha Luta - Hitler
Um livro polêmico e um tanto complexo, o Minha Luta de Hitler possui comercialização proibida no Rio de Janeiro, e mesmo procurando pela internet, possivelmente o leitor interessado irá encontrar poucas opções disponíveis para venda, e por vezes, não muito baratas, se tratando da obra na língua portuguesa.
Eu tenho o livro em PDF dado por um antigo professor de espanhol (li em língua espanhola), com a obra em 190 páginas, sem especificar editora ou edição. De acordo com o material, segue originalmente o que foi escrito por Hitler.
Primeiramente, o Minha Luta explica detalhadamente toda a criação do Reich alemão (nazismo), assim como fatos importantes da vida do próprio Hitler e seus diversos pensamentos, desenvolvendo interesse por assuntos de guerra assim que leu o primeiro livro sobre a guerra franco- prussiana. Diversos períodos do livro são narrados conforme período histórico, e também sobre a situação do país em tal período- como na primeira guerra, onde a Alemanha estava destruída e completamente enfraquecida. Logo no início, ele apresenta extremo desgosto e ódio pelos judeus, procurando inclusive por livros científicos que apresentem argumentos de que eles eram de fato uma grande ameaça para a Alemanha, e desanimado, não encontra. O máximo que consegue é conhecer pessoas com as mesmas idéias que as suas, ou que concorde, assim que começou a ser soldado.
Continuando com a leitura, os judeus não eram a única coisa que Hitler não gostava. Também detestava o marxismo, outra palavra presente em várias partes do livro (talvez a segunda mais falada depois de judeu), considerando inclusive uma grande ameaça ao seu país - de acordo com ele, a propagação dessa doutrina é um atraso para o próprio povo (considerando que o ponto central do marxismo é a luta de classes, onde todos seriam iguais, e essa última parte é aparentemente o real motivo do seu desgosto, pois um verdadeiro alemão e um judeu, assim como outras raças inferiores não poderiam ser iguais de forma alguma), porém, numa parte do livro ele acha positivo a exclusão da URSS do meio econômico, do capital internacional, pois para ele, seria capaz de valorizar ainda mais a economia e país local. Interessante abordar também sua crítica à burguesia, ao capital, e em tudo o que ele não gostava, ele associava de alguma forma, por exemplo, a associação do marxismo ao judaísmo, onde muitos judeus eram marxistas, além de ser os maiores acumuladores de capital. Mas válido ressaltar que o principal motivo do seu ódio aos judeus era pelo fato de ser, segundo ele, uma raça inferior. O ponto chave do nazismo é o cunho racial, e isso é explicado também detalhadamente, sobre a atuação do estado racial.
No momento em que saiu de Viana e se mudou para Hamburgo, se assustou com a imensa quantidade de estrangeiros ali presentes - uma outra possível ameaça para o país de acordo com seu olhar. O desenvolvimento de sua ideologia é explicada desde a época da sua juventude, até o momento que começa a se aprofundar mais em diversos detalhes. É abordado diversos assuntos, como por exemplo os métodos contraceptivos que passavam a ser utilizados de forma maior, para controle de natalidade - nessa época a intensa migração européia da região rural para as cidades urbanas acresceram desigualdade econômica nessas grandes cidades, inclusive na Alemanha, onde métodos contraceptivos eram divulgados, e sua população local estava aumentando, além de haver outras preocupações, como uma possível insuficiência de alimentos, já que essa migração do polo rural pro urbano poderia causar consequências ruins na agricultura, com queda de produção. Mas de acordo com Hitler, essa política de controle de natalidade seria algo negativo, justamente pelo fato de que a raça alemã pudesse se reduzida, enquanto raças inferiores poderiam ter diversos filhos.
Na medida que as páginas do livro se avançam, é explicado sobre o dever do estado racial perante o indivíduo e todo o funcionamento da política dessa ideologia. O poder do estado seria único e poderoso, onde a igreja católica deveria atuar sob as regras internas do partido. O matrimônio teria como objetivo a união de dois alemães, envolvendo documentos de conformidade com o estado, com o intuito de possuírem diversos filhos. A educação da mulher e do homem seria controlado pelo estado nazista, onde para a mulher lhe era ensinado coisas ligadas à criação de filhos, e pro homem, assuntos mais complexos, como guerra. A união legal de um alemão puro com outra pessoa que não obtivesse essa mesma linhagem era proibida.
É um livro cansativo, mas interessante para quem gosta de história e deseja saber um pouco sobre essa terrível ideologia que foi o Nazismo. Terá um conteúdo diferenciado que provavelmente típicos sites não irão contar, justamente por apresentar uma leitura aprofundada sobre o funcionamento do Reich alemão e toda sua linha de pensamento e prática. Devo confessar que mal consegui chegar ao seu final de tão complexo.
Alguns trechos relevantes da obra:
''O objetivo por qual teremos que lutar é de assegurar a existência e o incremento de nossa raça e de nosso povo; o sustento de seus filhos e a conservação da pureza de seu sangue, a liberdade e a independência de uma pátria, para que nosso povo possa chegar a cumprir a missão que o supremo criador tivesse reservado.''
''A ideologia nacionalsocialista, tem que diferenciar-se fundamentalmente do marxismo no fato de reconhecer não só o valor da raça, mas também o significado da personalidade, constituindo ambas as colunas básicas de toda a estrutura de sua construção.''
''A separação radical entre o capital do mercado e a economia nacional, oferecia a possibilidade de se opor a internacionalização da economia alemã, sem comprometer ao mesmo tempo na luta contra o capital, a base de uma autônoma conservação nacional. Eu pressenti claramente o desenvolvimento da Alemanha, não sabendo que a luta mais intensa não devia dirigir-se contra os povos inimigos, e sim contra o capital internacional.''