A Longa Marcha: Os Livros de Bachman
Garraty é um dos cem jovens competidores da Longa Marcha, um desafio anual de resistência física e, até certo ponto, psicológica, onde eles devem caminhar no mínimo 6km/h, e caso alguém pare ou ande abaixo da velocidade estabelecida receberá o "bilhete", tendo uma tolerância de 3 advertências. O único vencedor será aquele que conseguir marchar até o fim, recebendo “O Prêmio” ― qualquer coisa que ele desejar, pelo resto da vida.
Esse é, de longe, um dos piores livros que eu li do King — e eu não li nenhum que tenha sido no mínimo ruim, até esse. Eu poderia listar um enorme número de fatores que me fizeram ter essa experiência, mas, resumidamente, a história pra mim foi "de nada a lugar nenhum".
A premissa é maravilhosa, em vários momentos do livro eu senti a magnitude da escrita do SK, aquele poder de te deixar fascinado com as complexidades da vida, os sentimentos, a consciência, as escolhas e tudo aquilo que, quem está acostumado a ler SK, costuma sentir ao lê-lo, independente do gênero. Porém, essa sensação sempre ficava pra trás quando a leitura se tornava maçante, o que acontece diversas vezes, e isso, acredito eu, pela simples questão dos personagens estarem presos a uma situação que realmente é cansativa e limitadora.
O protagonista é confuso, parece não lidar nada bem com a situação, tem atitudes totalmente tolas, e isso bem antes do psicológico dele estar abalado após já ter caminhado bastante. Parece que o King quis abordar diversas questões sociais, políticas, religiosas, sexuais, econômicas e culturais a partir de um cenário onde os personagens pudessem se revoltar contra a estrutura de tais questões, estando submetidos a uma situação humilhante e a 3 passos da morte.
Isso não tira, é claro, a importância de tais apontamentos, embora eu tenha achado, em alguns momentos, os diálogos e o desenvolvimento em si um pouco irresolutos e inexplicáveis, como se sempre houvesse algo inacabado na postura dos personagens. Pode ser que seja por causa do delírio que a longa caminhada proporcione, já que a alimentação precária, o sol, a chuva e vários outros fatores tornem os competidores mais vulneráveis.
Ainda assim, como sempre, eu recomendo a leitura, pois é um livro que, como já disse, desperta um senso crítico, no velho estilo do autor, temperado com algumas partes chocantes.