O romance do salteador
O ROMANCE DO SALTEADOR
Miguel Carqueija
Resenha do romance “O salteador”, de Alexandre Dumas. Saraiva S.A. Livreiros Editores, São Paulo-SP, Coleção Saraiva 85, 1955. Título do original francês: “Le salteador”. Tradução: Ondina Ferreira.
Drama passado na Andaluzia, região montanhosa da Espanha, no século 16, já após a reconquista de todo o território espanhol pelos “reis católicos” Fernando e Isabel, e após a expedição de Colombo à América. Na verdade o texto, com seus diálogos, é por vezes tão patético e afetado que até parece dramalhão de novela de tv.
Fernando, o salteador do título, era um jovem fidalgo que, entregue a uma vida libertina, deflorou uma moça da mesma classe social, o que leva o irmão da moça a desafiá-lo para um duelo. Fernando mata o adversário e, acusado de homicídio, foge e se torna o líder de bandidos das estradas. Todavia a cigana Giesta, que vive só com uma cabra de estimação, faz amizade com ele e o ama quase sem dar a perceber. Quando Fernando é abandonado pelos companheiros é ela quem o salva através do incêndio que os esbirros ateiam na mata para o encurralar.
Há outros personagens importantes, como o juiz Dom Inigo e sua filha Dona Flor, por quem Fernando se enamora a contragosto de Giesta; Dom Ruiz e Dona Mercedes, pais do salteador; e o jovem rei Dom Carlos, futuro imperador. Sim, vários personagens reais, até Cristóvão Colombo, comparecem na história, pois Dumas sabia combinar pessoas verdadeiras e fictícias nos seus romances históricos.
Mas o angu de caroço familiar acaba sendo indigesto e Fernando, que luta para obter o perdão embora às vezes meta os pés pelas mãos, não é uma figura simpática. E há um grande furo no romance, que é o sumiço da cabra, que teve tanta importância como companheira de Giesta e depois não se sabe que fim levou. E eu detesto pontas soltas.
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2023.
Nota: a faixa amarela à esquerda, na capa do livro, é uma fita adesiva que puseram no exemplar meio despencado, assim eu o encontrei no sebo.