REFLEXÕES SOBRE O LIVRO "O CONDE DE MONTE CRISTO"

A minha primeira leitura do ano de 2023, o "O Conde de Monte Cristo" (1844), do romancista e dramaturgo Alexandre Dumas, está encerrada. Que livro, senhoras e senhores! Do início ao fim, é difícil desgrudar-lhe na maior parte do tempo. E mais do que isso: instiga-nos a tirar boas lições para aplicar em nossas vidas. Narra a história de Edmundo Dantès, um marinheiro de 19 anos — prestes a se tornar capitão do navio mercante Faraó após a morte do seu comandante — preso injustamente por um crime que não cometeu. Dantès é incriminado sob falsa acusação de colaborar com Napoleão Bonaparte em seu exílio. É alvo de pessoas que invejam a sua vida. Danglars, um colega de navio, desejava o seu posto de capitão. E o seu melhor amigo catalão, Fernando, cobiçava a sua noiva, Mercedes. Após ser preso e enviado a uma fortificação, o Castelo de If, Dantès entra em desespero e quase enlouquece. No entanto, apesar de estar isolado em um castelo praticamente impossível de fugir, é lá que ele trava amizade com abade Faria, um senhor de idade preso há anos em uma cela contígua a dele. O religioso e ex-soldado, dado como louco pelos carcereiros e pela população (até mesmo Dantes no início acreditava), é quem lhe dá ensinamentos valiosos, sobretudo, passa as coordenadas para encontrar o tão misterioso tesouro do cardeal Spada a quem só Faria lembra, uma vez que era secretário do cardeal à época. Quando o abade morre, seu corpo é colocado em um saco para ser despejado no mar, o qual Dantés se aproveita para enganar os guardas e fugir mediante esse acessório, depois de mais de 14 anos preso. Então, ele se vale de todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos com o seu amigo de prisão para orquestrar a sua vingança àqueles que prejudicaram a sua vida. Sob o codinome de Conde de Monte Cristo, agora rico e poderoso.

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Que lições podemos tirar do livro?

1. NÃO SUBESTIME O PODER DO CONHECIMENTO

É inegável que conhecimento dá-nos poder. Na verdade, o conhecimento unicamente não é o efeito transformador por si só. O que nos transforma verdadeiramente é a habilidade de saber colocá-lo em prática em circunstâncias certas. E Dantès, com o todo o conhecimento acumulado durante anos na prisão, sabia que para que seu plano de vingança desse certo, deveria herdar características de um legítimo conde: administrar província, assessorar o rei, participar de reuniões políticas, comunicar-se bem e etc.

2. SER PERSEVERANTE

Depois de passar onze anos na prisão — cinco deles cavando um túnel para tentar fugir — o abade erra o caminho e acaba na cela de Dantès. Diante do erro, o abade não se desespera; pelo contrário, tal acontecimento o faz fortalecer a amizade com o marinheiro, e procurar calmamente por uma estratégia certeira para ambos escaparem da prisão. Isso mostra o quanto é importante não desistirmos facilmente de situações difíceis. A falha é natural do ser humano. A perseverança deve ser uma virtude que devemos carregar conosco, para somente assim podermos alçar voos triunfantes. Portanto, não desista.

3. O AMOR É MUTÁVEL

Na juventude, Dantès era apaixonado pela sua noiva Mercedes com quem planejavam se casar. Após a sua prisão, tudo muda. Dado como morto, a viúva casa-se com Fernando, um dos responsáveis pelo complô que o levou à prisão por 14 anos. Ainda que nesse hiato Dantès e Mercedes pensem um no outro, o que mais me chamou a atenção é que mesmo após Dantès tornar-se conde, rico e respeitado na sociedade parisiense, a chama acesa entre os dois não é mais como dantes. Obviamente que a estima e o respeito continuam, mas o amor é de outra conotação (exceto a sexual e romântica). Em suma, devemos compreender que não necessariamente aquele amor não correspondido na mocidade concretizar-se-á futuramente; é bem provável que os parceiros tenham se tornado pessoas diferentes ou talvez tenham dado uma nova guinada em suas vidas.

4. AMIZADE VERDADEIRA É COMO ENCONTRAR UMA AGULHA NO PALHEIRO

No início do livro, é evidente a inveja que os amigos de Dantes têm sobre ele quando seria promovido a capitão do navio. Afinal, o jovem era querido por todos na tripulação pelo seu jeito simpático e cortês. Porém, é aquele ditado, ''não podemos agradar a todos". Ele foi traído e teve a vida prejudicada. Contudo, deu a volta por cima e colecionou duas amizades sinceras. A primeira com o proprietário do navio Faraó e seu ex-patrão, o Sr.Morrel, e a segunda com o abade Faria na prisão. Concluo dizendo que amizades podem ser benéficas como também podem ser danosas; por isso, pensemos bem a quem devemos escolher de forma a seguir conosco em nossa caminhada da vida.

Pedro Viegas
Enviado por Pedro Viegas em 22/01/2023
Reeditado em 21/07/2023
Código do texto: T7701617
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