Kickaha e seu Cosmos

 

KICKAHA E SEU COSMOS

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance de ficção científica “O Cosmos de Kickaha”, de Philip Jose Farmer. Galeria Panorama, Alfragide (Damaia), Portugal, sem data. Série Antecipação 33. Introdução de Roger Zelasny. Tradução de Pires de Carvalho. “Copyright” 1968 do autor.

 

Por mais de 50 anos eu ouvi falar de Philip Jose Farmer, autor norte-americano, como um dos grandes da ficção científica moderna, mas nunca tivera ocasião de ler uma de suas obras. Agora, que finalmente li uma delas, descubro que não estava perdendo nada. Isso apesar da introdução deslumbrada do conhecido ficcionista Roger Zelasny.

Admito que não entendi essa história de universos de bolso ou cosmos de estratos, criados por seres poderosos. O personagem central, o tal Kickaha, é um guerreiro aventureiro que, a partir do momento em que se separa da tribo onde vivia ultimamente — mas logo temos notícia de sua turbulenta vida anterior, contada em obras anteriores de Farmer — torna-se alvo de uma perseguição implacável e interminável, repleta de incidentes e personagens grotescos, como as mulheres-águias, num ritmo muito semelhante aos horrorosos filmes hollywoodianos de malhação, tipo “Os Goonies”.

Fica bem claro, também, que esse universo criado por Farmer é impiedoso, com pouco lugar para o amor e muito para o ódio. A violência é contínua, a maldade onipresente. Mesmo o romance entre Kickaha e Anana é uma relação tóxica, de amor e ódio.

O personagem parece ser originário da Terra, da Califórnia, mas parece já bem adaptado na dimensão absurda em que vive.

É um romance macarrônico e indigesto. Já li muita coisa melhor na ficção científica.

Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2022.