Entre ser católico e maçon
ENTRE SER CATÓLICO E MAÇON
Miguel Carqueija
Resenha do opúsculo “Ou católico ou maçon!”, por Frei Boaventura Kopplenburg, O.F.M. Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 3ª edição, 1960. Vozes em defesa da Fé, caderno 2. “Imprimatur” por Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrópolis, e Frei Desidério Kalverkamp, O.F.M., 2/5/1960.
Com severidade, o conhecido escritor católico Dom Boaventura Kopplenburg, franciscano, e que posteriormente se tornou bispo, examina com dados históricos e documentos o relacionamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria.
Pelo fato de que existem católicos que se filiam à Maçonaria o autor alerta: “Não quero tirar-te a liberdade física de entrar na Maçonaria; mas antes que te resolvas a dar este importante passo, rogo-te pensar bem no abismo de incompatibilidades profundas e radicais que vão entrar em tua vida desde o momento em que livremente te enfileirares entre os Irmãos de Hiram”.
Recorrendo a documentos dos próprios maçons — como a Constituição do Grande Oriente do Brasil, revela o autor que a Maçonaria tem segredos e mistérios, que o adepto se compromete a não revelar. Além disso existem os vários graus maçons, consequentemente vários graus de segredo. Ora, no Cristianismo não há segredos e os chamados mistérios, como o da Santíssima Trindade, são mistérios de Deus, não dos homens.
Frei Boaventura lembra ainda que o Direito Eclesiástico então vigente estabelece no cânon 2335: “Todo aquele que se iniciar na Maçonaria, incorre, só por este fato e sem qualquer outra declaração (ipso facto) na pena de excomunhão, reservada “simpliciter” à Santa Sé”.
Na página 28 o autor cita os deveres de um liberal ou maçon, segundo “O Malhete”, periódico maçônico (edição de 5/7/1953): não casar na Igreja, não batizar na Igreja, não servir de padrinho, não educar os filhos na Igreja, não aceitar funeral religioso... por aí se vê um verdadeiro anticlericalismo.
Por certo, é uma situação de 60 anos atrás e não estou atualizado sobre como está, hoje em dia, o relacionamento entre a Igreja e a Maçonaria; mas o opúsculo aqui resenhado é muito bem escrito e argumentado e Frei Boaventura é sem dúvida um grande pesquisador e polemista. E ele expõe os pontos de vista com muita elevação de linguagem e serenidade.
Rio de Janeiro, 1º de junho de 2022.