As crônicas de Jair Lopes
AS CRÔNICAS DE JAIR LOPES
Miguel Carqueija
Resenha do livro “Crônicas esparsas”, de Jair Cordeiro Lopes. Edição do autor, 1ª edição, Florianópolis-SC, março de 2013. Prefácio de Leonel Teixeira Rodrigues.
Jair Cordeiro Lopes escreve no Recanto das Letras, foi aeronauta e, ao que parece, adquiriu muita curiosidade sobre o mundo ao redor, inclusive pelo lado histórico.
Suas “Crônicas esparsas” tratam de uma grande variedade de assuntos e são agradáveis à leitura. Algumas informações passadas são muito sérias: por exemplo, o problema do lixo e das dejeções dos animais de criação. Citando dados oficiais do Fundo Mundial para o Meio Ambiente, o cálculo é de 420.000 toneladas de lixo doméstico por dia, no mundo inteiro (crônica “O lixo”, de 20/10/2011). Ao falar de Mao Tse Tung e Stalin, dois dos piores ditadores da História, o autor apresenta dados estarrecedores. Em outras crônicas ele fala do problema energético, explica o que são rochas sedimentares, metamórficas e ígneas, discorre sobre os hábitos sexuais de peixes, lembra que a raça humana é uma só (“Homo sapiens”, 23/4/2011).
Não concordo com o termo “superstição” que o autor atribui à religião. Não tenho dúvida alguma de que Deus existe, que existe vida após a morte e que Ciência é Fé se completam harmoniosamente. Aliás, ao falar sobre Newton (5/8/2011) começa referindo-se a Copérnico e seu trabalho “De revolutionibus”, que iniciou a moderna Astronomia, mas não esclarece que Copérnico era um padre católico.
Em 26/1/2012, na crônica “Sandices médicas”, Jair infelizmente defende o aborto sem entrar no âmago da questão, que é o seguinte: o nascituro é um ser humano e por conseguinte tem direito à vida e o Estado tem a obrigação de defendê-lo. Nem é por outra razão que nós, pró-vida, nos posicionamos contra o aborto.
Especialmente interessante a crônica “Abelhas” (19/11/2011).
O livro assim tem altos e baixos. Se um dia houver nova edição, recomendo que seja feita uma revisão do texto.
Rio de Janeiro, 18 a 20 de agosto de 2018.
Nota: Jair Cordeiro Lopes, de Florianópolis, era aeronauta aposentado e manteve durante um ano e meio coluna no Recanto das Letras. Seu último texto foi postado em 5/1/2019, falecendo pouco depois. Mantive breve contato com ele, e gentilmente me enviou três dos seus livros. Estou em falta com a publicação desta resenha, escrita quando ele ainda estava vivo mas não publicada, ficou esquecida num dos vários cadernos em que costumo manuscritar meus textos antes de digitar.