LODOSS: O DRAGÃO DE FOGO, parte 1

Miguel Carqueija

Resenha do volume de fantasia “Crônicas das Guerras de Lodoss”, volume 3: “A montanha do dragão de fogo”, parte 1, por Ryo Mizuno e Hitoshi Yazuda. Ilustrações: Yutaka Izubuchi. Tradução: Suellen Sato Ide. New Pop Editora, sem data. Kadokawa Corporation, Tóquio, Japão, 2013. Título original: “Shinsoban Lodoss to senki” volume 3, “Karyu zan no maryu jo”. Comentários finais de Yoshinobu Akita.

Como terceiro volume da saga de Lodoss, a primeira parte da história do “dragão de fogo” Shooting Star é narrada com certa vivacidade mas, para quem já leu os dois primeiros volumes, começa a ficar maçante, com um enredo repetitivo. São guerras e mais guerras, batalhas intermináveis pelo pequeno continente de Lodoss envolvendo uma porção de reinos como Alania, Valis, Kanon, Flain e Marmo, este numa ilha próxima. Lodoss, nos mapas que aparecem, assemelha-se à Austrália e Marmo à Tasmânia. Além das guerras algo incompreensíveis existe a constante referência ou invocação de deuses, e nunca se fala em Deus, no singular e com inicial maiúscula.

Recriar o paganismo mitológico em obras modernas é algo que sinceramente me incomoda, por toda a falta de lógica nessa história de deuses.

De qualquer forma o eixo da narrativa é a jornada do cavaleiro Parn e da elfa nobre Deedlit. A construção psicológica da dupla não é das mais profundas mas fica evidente o apego da elfa guerreira pelo cavaleiro humano. Ela já não sabe o que fará da vida se ele faltar; no entanto está consciente que ela, por ser elfa, poderá viver séculos e ele envelhecerá rapidamente.

Muitos outros personagens comparecem. O Rei Kashoe já havia comparecido na saga, assim como o mago Slayn e sua esposa Laillia, uma sacerdotisa. Mas surgem novos personagens, como a espadachim Sielis e o curioso Orthon, que na verdade é um “berseker”, ou seja, um sujeito que pode, num ataque de fúria, tornar-se perigosíssimo. É uma concepção japonesa, mas pode-se comparar com Bruce Banner, que se transforma no Incrível Hulk.

Todavia o personagem novo — ou que só aparecera antes de passagem — mais interessante — parece ser o cavaleiro negro Ashrum, que foi capitão da guarda do falecido Imperador Bell, de Marmo. Ashrum é outro que almeja o poder e surge como adversário potencial de Parn; entretanto ele é dotado de certa dignidade.

Quanto ao dragão, preso por antigos encantamentos à guarda do tesouro de um rei do passado, mesmo assim ele dizima as pessoas e, embora dotado de fala, odeia os humanos. Deedlit, Parn e o audacioso Rei Kashoe envolvem-se na aventura de tentar matar a besta — o que não é conseguido neste volume, apesar dos poderes da elfa.

Em suma, uma novela que pode ser lida com certo interesse, mas não esperem uma obra-prima.

Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2022.