Os milagres em Aparecida
OS MILAGRES EM APARECIDA
Miguel Carqueija
Resenha do livro “Milagres”, de Rodrigo Alvarez. Editora Globo, São Paulo-SP, 2017. Capa: Rafael Nobre/Babilônia Cultural Editorial. Crédito das imagens: Arquivo da Sala das promessas – Santuário Nacional de Aparecida (fotos deixadas pelos fiéis).
Livro-reportagem, onde o autor se baseia em exaustiva pesquisa nos arquivos de Aparecida, o Santuário Nacional. Rodrigo Alvarez, com uma equipe de pesquisadores, estudou mais de 4.000 casos de milagres relatados e os relatos guardados na Sala das Promessas.
O trabalho é realmente metódico e admirável, e o autor, no fim do volume, agradece a dezenas de pessoas pela ajuda, inclusive padres de Aparecida.
Como se sabe a imagem original, a estatueta de Nossa Senhora que três pescadores (João Alves, Felipe Pedrosa e Domingos Garcia) encontraram (em duas recolhas sucessivas, não esqueçamos, pois a cabeça estava separada do corpo; e seria praticamente impossível tal pescaria) nas águas caudalosas do Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, em 1717, incentivou um grande avivamente da fé católicsa em decorrência dos muitos milagres que vieram a acontecer.
O primeiro relato, de Lourenço, é de fazer dó: um menino roubado da sua terra para trabalhar como escravo numa fazenda cheia de jagunços (tem dessas coisas no Brasil), que sofreu anos a fio, fugiu, fez várias coisas na vida e atesta uma cura milagrosa de sua doença cardíaca.
Daniel Gomes Brito é um motoqueiro que sofreu um acidente horrível: um caminhão passou sobre a sua cabeça, amassando o capacete.
“Daniel se lembra exatamente do que aconteceu. Bateu com a moto na caçamba do caminhão e foi parar debaixo do motor, com moto e tudo. No meio das ferragens, entre o caminhão e o asfalto, o motoqueiro sentia sua cabeça ser arrastada pelo pneu do caminhão, imprensada no chão.”
Ele gritou por Nossa Senhora Aparecida e afirma ter visto, em meio a um clarão, a figura branca de uma mulher que veio socorrê-lo. Afinal, seu corpo foi arrastado por mais de 30 metros: “Era para ter morrido, ninguém tinha a menor dúvida”. Aqui não se pode falar em simples cura de doença nervosa pelo poder da sugestão.
Saionara, professora de creche, atacada por uma doença rara e letal: a síndrome de Stevens-Johnson (alergia a medicamentos). Outra cura misteriosa.
Em suma o livro é um apanhado de casos extraordinários. Não é uma obra de grande valor literário, o estilo do autor é meio desleixado, mas vale pelos relatos, pois o fenômeno das curas milagrosas é um forte atestado da existência do mundo espiritual.
Um livro que eu recomendo e que é enriquecido com muitas fotografias de pessoas miraculadas.
Rio de Janeiro, 26 de junho de 2022.