Dom Casmurro

 

 

 

 

Romance realista de 1899.

Autoria de Machado de Assis.

Apresenta caráter memorialístico.

Critica o romantismo e a burguesia.

Narrador-personagem: Bentinho.

Espaço da narrativa: Rio de Janeiro.

Tempo da narrativa: século XIX.

 

 

Temáticas: adultério, jogo de interesses, corrupção humana.

 

 

 

"A narrativa relata fatos ocorridos no século XIX, sem especificar as datas, com exceção do ano de 1857, quando Bentinho tem 15 anos de idade, 1865, quando Bentinho e Capitu se casam e, por fim, 1871, ano da morte de Escobar. Porém, o relato prossegue, de forma que é possível concluir que o tempo da narração, isto é, quando o narrador conta a história, está situado na década de 1890.

 

A história se passa na cidade do Rio de Janeiro, em endereços específicos, como a rua de Matacavalos, no centro da cidade, onde se localiza a casa de D. Glória; o seminário de São José, no qual Bentinho inicia sua formação como padre; bairro da Tijuca, lugar para o qual Capitu e Bentinho viajam depois do casamento; bairro da Glória, onde fica a casa de Bentinho e Capitu; bairro de Andaraí, no qual vivem Escobar e sua esposa; e, finalmente, o Engenho Novo, bairro onde o protagonista vive em sua velhice.

 

No início da obra, o narrador Bentinho explica como escolheu o título para o seu livro. Assim, ele conta que conheceu um poeta em uma viagem de trem. O jovem recitou alguns versos, mas Bentinho, já velho, fechou os olhos algumas vezes. O poeta, então, achou que ele estava cochilando e, ofendido, lhe chamou de Dom Casmurro.

Em seguida, o narrador inicia a narrativa de suas memórias, que começa quando ele tem 15 anos. Nessa época, Capitu, uma jovem de 14 anos, é sua vizinha. Os adolescentes têm uma forte amizade, o que incomoda o agregado da família, o amante de superlativos José Dias.

 

Desconfiado da relação entre os jovens, ele sugere à D. Glória, mãe de Bentinho, que já é hora de enviar o rapaz para o seminário. Isso porque, quando o menino nasceu, sua mãe fez uma promessa de que ele seria padre. Dessa forma, se apresenta um obstáculo ao amor do jovem casal, o que, enganosamente, faz parecer que o livro é um romance romântico.

 

Porém, José Dias está longe de ser um vilão folhetinesco, ele apenas não gosta da família do vizinho Pádua, o pai de Capitu. Aliás, é do agregado a famosa percepção de que a menina tem olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”. Assim, ao notar o envolvimento dos jovens, ele tenta evitar transtornos a D. Glória e a si mesmo.

 

Apesar de o casal tentar fugir da separação imposta pela promessa de D. Glória, Bentinho acaba indo para o seminário de São José, onde conhece Ezequiel de Sousa Escobar. Logo os dois rapazes iniciam uma forte amizade, e Bentinho fala de seu amor por Capitu. Escobar, então, tem a ideia que permitirá que Bentinho abandone o seminário.

 

Para ocupar o lugar de Bentinho, D. Glória deve escolher um rapaz órfão e fazer dele padre. Assim, ela não quebra a promessa feita e deixa o filho livre para, um dia, se casar. Desse modo, o protagonista sai do seminário, estuda Direito e, com 22 anos, é um bacharel. Em seguida, ele e Capitu se casam e podem ser felizes para sempre.

 

Poderiam, se Dom Casmurro fosse um livro romântico, mas como é uma obra realista, a vida do jovem casal logo se mostra distante do ideal de felicidade. O primeiro problema a perturbar a aparente alegria dos dois é a ausência de filhos. Bentinho quer ser pai; porém, Capitu não consegue engravidar.

 

Eles são grandes amigos do casal Escobar e Sancha, que têm uma filha, cujo nome também é Capitolina, em homenagem à esposa de Bentinho. Para diferenciar uma da outra, a menina é chamada, carinhosamente, de Capituzinha. Quando, finalmente, Capitu fica grávida e nasce o filho de Bentinho, eles retribuem a homenagem e batizam o menino com o nome de Ezequiel.

 

Agora parece que Bentinho e Capitu vão ser felizes para sempre, mas, então, Escobar morre afogado. Durante o velório do amigo, o sofrimento de Capitu faz com que Bentinho, pela primeira vez, desconfie que a esposa tinha um caso com seu amigo Escobar. A partir daí, a vida do casal se torna um inferno, pois a desconfiança de Bentinho acaba com qualquer chance de felicidade.

 

O ciumento Bentinho logo começa a perceber que seu filho Ezequiel se parece bastante com o falecido Escobar. Então, adquire a certeza de que o menino não é seu filho, mas do defunto. E seu desespero é tão grande que, em uma ocasião, ele está prestes a se matar com um café envenenado, quando o filho entra em seu gabinete:

 

Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo este livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na xícara, mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me outro impulso que me custa dizer aqui; mas vá lá, diga-se tudo. Chamem-me embora assassino; não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café.

 

No entanto, o narrador acaba desistindo do suicídio e do assassinato. Por fim, decide falar abertamente com a esposa. Diante das acusações, ela nega. Entretanto, não há mais como salvar aquele casamento. Assim, Bentinho resolve mandar Capitu e Ezequiel para a Europa, de forma a manter as aparências.

 

Características da obra Dom Casmurro

Dom Casmurro, obra publicada em 1899, é um romance monofônico e psicológico, já que a narrativa está centrada na percepção íntima do narrador-personagem Bentinho, que relata suas memórias a partir de um olhar analítico. Apesar disso, sobressai, na história, o tempo cronológico, uma vez que o narrador, após se apresentar no início da obra, conta os fatos de maneira gradual.

 

O livro, dividido em 148 capítulos, é uma das principais obras do Realismo no Brasil. Portanto, apresenta um caráter antirromântico, recorre ao fluxo de consciência e realiza a análise psicológica dos personagens. Além disso, apresenta crítica social, quando, de forma irônica, desconstrói a falsa imagem heroica da classe burguesa.

 

 

 

 

Maria Augusta da Silva Caliari
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 14/06/2022
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