DE "VIDAS SECAS", Graciliano Ramos
O livro/obra em pauta retrata os valores e misérias do homem sertanejo.
Perfunctoriamente, diz-se que é a cadela Baleia personagem central do drama, mas quem protagoniza o contexto em si é Fabiano, um traste, um bicho, uma coisa... Contrapõe-se, assim, uma dialética de homem: filosoficamente, humano e, analiticamente, animal.
Nota-se, em suma, um universo mental, delimitado e pobre, de um homem contrafeito nas linhas do seu cotidiano; uma mulher também contrariada, às vezes, aspirante; dois filhos “competitivos”; uma cachorra adestrada e um papagaio que fica no anonimato, estes acossados pela seca e pela opressão dos que podem mandar e desmandar: o “dono” como patrão; o “soldado amarelo” como a lei...
No aspecto espiritual, o homem encontra-se, subsequentemente, com a alma destoldada. No aspecto moral, o homem mostra-se despersonificado. No aspecto social, o homem sente-se pequeno, esquecido pelas injustiças voluntárias. No aspecto psicológico, ele, o homem rodopia, percorre e permanece no mesmo ponto de partida.
Entretanto, vivendo o homem num ciclo de turbulências: pessoal, moral, espiritual e social, não se arrefece. Insere-se no caminho da mudança, da sobrevivência. Como aparato crítico, eis um clássico da nossa Sociedade.