"Modesta Mignon" de Balzac
“MODESTA MIGNON” DE BALZAC
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Modesta Mignon”, de Honoré de Balzac. Editora Vecchi, Rio de Janeiro-RJ, 1945. Coleção “Os grandes nomes”. Tradução: Gama e Silva. Capa: Orlando Mattos.
Falecido em 1850, Balzac é um dos grandes nomes do romance francês do século 19; mas seus textos tendem a ser maçantes. Formam um grande conjunto conhecido como a “Comédia humana”, onde personagens reaparecem em várias obras.
“Modesta Mignon” engana muito os leitores, pois nos primeiros capítulos parece tratar-se de um caso de opressão familiar, onde um pai, Carlos Mignon, ao se ausentar longamente para realizar importantes negócios até na China, deixa ao seu antigo companheiro de armas, Dumay, a tarefa de matar (sic) qualquer homem que olhasse para Modesta, sua segunda filha.
Modesta, tendo perdido a irmã e com sua mãe cega, rodeada por algumas pessoas ligadas à família, não imagina uma tal tirania, mesmo assim, sentindo-se vigiada (eram tempos bem carrancistas) apaixona-se à distância pelo conhecido poeta Canalis, escreve a ele sob pseudônimo e utilizando subterfúgios para ocultar a correspondência. Canalis não se interessa mas permite a seu secretário, Ernesto La Brière, escrever em seu lugar. Fingindo ser Canalis, o secretário mantém durante algum tempo correspondência com a jovem e, nessa situação falsa, acaba se enamorando dela.
As cartas são empoladas e ridículas.
O engraçado nisso tudo é que, no fim das contas, o terrível pai acaba se revelando um tipo muito complacente, que simpatiza com Ernesto quando ele confessa a fraude. Nesse ponto Canalis, um interesseiro fátuo, já arrependido por haver desprezado a menina, também tenta conquistá-la. Do nada surge um terceiro pretendente, um nobre, e Carlos, preferindo deixar a decisão final à filha (que diga-se de passagem tem muita personalidade) acaba promovendo uma competição entre os três.
Foi preciso paciência para ler esse romance que acabou sendo quase humorístico. Todavia, Honoré de Balzac é considerado um bom pesquisador da natureza humana.
Rio de Janeiro, 13 e 14 de abril de 2022.